De olho num mundo além do celular, as empresas de telefonia móvel estão concentrando seus esforços para conectar os mais diversos produtos. Oi, Claro, Vivo e TIM querem levar sua rede a carros e eletrodomésticos. O objetivo da estratégia, que inclui ainda a aplicação de sistemas que permitem controlar o funcionamento de uma casa pelo telefone, é sair na frente e ganhar espaço entre os principais concorrentes do setor de tecnologia, como Google, Apple e Samsung.
As teles têm pressa para conquistar uma fatia desse novo mercado, tido como a próxima fronteira da geração de receita, que hoje vem caindo devido à queda no uso da voz, ainda responsável por pouco mais da metade do faturamento das empresas de telefonia. Segundo projeções, a quantidade de produtos conectados (que não inclui celular e computador) vai aumentar quase três vezes, passando dos atuais 4,6 bilhões para 18 bilhões em 2021 no mundo.
E o Brasil deve impulsionar esses números a partir da próxima semana, quando as teles começarem a apresentar suas novidades ao mercado.
“Com mais produtos conectados, as teles têm uma nova oportunidade para fazer negócios. Em 2020, o segmento vai movimentar US$ 30 bilhões por ano. Por isso, há um investimento muito grande. Não sabemos quem vai vencer. IBM, Amazon e Microsoft estão investindo em armazenamento na nuvem. Mas não têm como fazer tudo sozinhas porque é um ecossistema, com diferentes provedores, seja de hardware, software e integrador de sistema”, explicou Nathan Nuttall, analista da consultoria Gartner.
Oi
É o que empresas como a Oi já começam a fazer. A tele selou parceria com a Nokia para abrir o primeiro laboratório da América Latina dedicado a estudar e criar conexão para os mais diversos produtos. Maurício Vergani, diretor de Negócios da Oi, antecipa que na próxima semana vai lançar o primeiro serviço de gerenciamento inteligente de ambientes.
Funciona assim: pelo celular o cliente consegue monitorar, via câmeras, todos os ambientes e ser avisado caso a porta ou janelas sejam abertas. Além disso, consegue ligar e desligar eletrodomésticos, desde que sejam instalados plugues específicos. O mesmo vale para avisar, por exemplo, a hora em que a empregada doméstica inicia e finaliza o expediente.
“Estamos trabalhando nesse projeto há 18 meses. Um serviço como esse envolve diferentes fornecedores. Em janeiro do próximo ano, vamos apostar em serviços para os carros. Começaremos com serviços como localização, monitoramento do nível de combustível e das manutenções, tudo via aparelho celular. Vamos trazer as start ups para esse ecossistema, criando, por exemplo, soluções para saúde”, explica.
Claro
O grupo América Móvil, que comanda Claro, NET e Embratel, também já está a mil. A empresa lançou um relógio conectado para fazer frente aos modelos vendidos na Apple e na Samung. Agora, a companhia mira nos carros também.
A empresa, que selou parceria com a General Motors e a Volvo, já desenvolveu algumas soluções como abrir e fechar a porta do carro via celular. Agora, a companhia mira no desenvolvimento de pacotes que vão permitir ter conexão à internet (Wi-Fi) no interior dos carros.
“Estamos estudando soluções que permitem que o próprio cliente depois compre um chip nosso e use no automóvel, que terá uma interface para o uso de chip. A tendência é que o carro vire um hot spot. Queremos criar novas oportunidades de negócios e não só prover a conexão. Nosso objetivo com a verticalização é fomentar esses serviços, induzindo o crescimento”, disse Sergio Messiano, diretor de Serviços de Valor Agregado da Claro.
Vivo
A Telefônica Vivo vai lançar a partir do próximo ano soluções que vão permitir a conexão de vários eletrodomésticos. Viviane Soares, diretora de Produtos da empresa, cita o caso de uma cafeteira que, com um chip associado, vai analisar a performance do produto, apontando se a quantidade de leite e de pó de café são suficientes, informações que poderão ser consultadas via celular:
“O nosso ponto de estudo hoje é entender como cobrar e criar um modelo competitivo. E isso pode variar de acordo com o bem entregue. Outro produto que estamos desenvolvendo é o monitoramento do consumo de energia. Só com um simples alerta de consumo nos cômodos de uma casa, a conta pode cair até 20%. Queremos ser uma empresa digital. Por isso, também estamos investindo em big data para poder ler e armazenar as informações dos produtos. Isso é onde está o crescimento esperado para a próxima década”, afirma Viviane.
TIM
Segundo Luis Minoru, diretor de Inovação e Estratégia da TIM, é fundamental que as operadoras participem da criação das soluções e não apenas atuem como fornecedoras de conectividade. Ele cita os trabalhos da companhia na área agrícola.
“Temos um projeto de drones com conectividade 4G, que envia imagens em tempo real para a tomada de decisões no campo. Através das imagens, ações relacionadas a controle de pragas, colheita, irrigação e uso do solo são tomadas em tempo real. Estas informações armazenadas no tempo poderão ainda gerar outras ações de melhoria e produtividade no setor agrícola”, citou Minoru.
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