A preocupação com a inflação ganhou gás extra desde que o Banco Central (BC) começou a reduzir os juros na semana passada e colocou em tendência de alta o apetite dos investidores pelas NTN-Bs, títulos do Tesouro Nacional com rentabilidade vinculada ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) e que garantem uma espécie de "seguro" contra uma elevação dos preços.
A demanda por esses papéis, que estava elevada no início do ano e depois refluiu em maio com as perspectivas mais favoráveis naquela época para a inflação, voltou a acelerar logo após o BC surpreender o mercado e baixar a taxa Selic em uma só tacada, de 12,50% para 12% ao ano.
O retrato mais evidente do ceticismo dos investidores com os rumos da política de controle da inflação está estampado no prêmio de risco de inflação refletido nas NTN-Bs. A chamada inflação "implícita" que os analistas do mercado projetam calculando a diferença entre a rentabilidade da taxa prefixada e as NTN-Bs de prazo equivalente explodiu imediatamente em reação ao Copom, superando o teto da meta em 2012, de 6,5%. Embora os valores estejam agora em patamares mais baixos, a inflação projetada com base na NTN-B permanece elevada, acima do centro da meta, de 4,5%, mostrando desconfiança do investidor no trabalho do BC.
A estratégia do Tesouro agora é atender esse apetite maior pelas NTN-Bs. E a avaliação é de que há bastante espaço para isso. O Plano Anual de Financiamento (PAF), que contém as metas anuais para o gerenciamento da dívida pública federal, prevê uma banda máxima de 29% e mínima de 26% de participação de títulos atrelados à inflação no fim deste ano. Em julho (último dado disponível), o volume total desses papéis em mercado fechou o mês em R$ 499 bilhões, o equivalente a 28,77% do total da dívida pública federal.
Apesar da parcela de títulos vinculados à variação de índices de preços já rondar próxima ao teto da banda, há vencimentos desses papéis até o fim do ano, o que abre margem para novas vendas. Em novembro, vencerão mais R$ 19,8 bilhões. O aumento da parcela de papéis vinculados ao IPCA é considerado bom para a melhoria do perfil da dívida e é prioridade na estratégia do governo, junto com a elevação da participação de prefixados (com correção definida na hora da venda) em substituição aos títulos vinculados à taxa Selic, as LFTs.
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