O Grupo de Estudos do Setor Elétrico (Gesel) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) vê com muita preocupação o resultado do leilão de energia nova, realizado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). O leilãoresultou na contratação de 5.566 megawatts (MW) para o sistema elétrico brasileiro a partir de 2013.
A informação foi dada nesta terça-feira (30) à Agência Brasil pelo coordenador do Gesel, Nivalde de Castro. Segundo ele, 2/3 da energia contratada, que corresponde a uma capacidade instalada de 3.125 MW médios, estão em cima de usinas a óleo, que são muito caras.
Ele acredita que haverá aumento da tarifa para os consumidores finais. Particularmente os consumidores das três distribuidoras que mais adquiriramenergia no leilão: a Centrais Elétricas Matogrossenses (Cemat); a CompanhiaParanaense de Energia (Copel); e a Ampla Energia e Serviços. Castro avaliouque isso fará com que os consumidores dessas regiões (Mato Grosso, Paraná e Rio de Janeiro) tenham no mix de tarifas uma tarifa bem mais cara do que a média total deles.
Outro fator desfavorável, apontou ele, foi a quantidade muito grande deenergia contratada, porque as estimativas das distribuidoras foram feitas háquase três meses, quando o cenário estava muito diferente. Castro analisaque isso vai fazer com que o sistema elétrico fique com esses contratos decerca de 3 mil MW durante 15 anos, com preço relativamente alto, e com umaenergia muito poluidora, muito suja. Castro afirmou também que a energia estámuito concentrada em poucos empreendedores. E exceção de uma pequenahidrelétrica, as usinas a óleo são empreendimentos que demoram em média doisanos e meio para serem construídos. Como se trata de empreendimentos para daqui a cinco anos, os empreendedores vão esperar uma melhor definição da crise financeira para poder fazer investimentos, esclareceu.
Ele advertiu ainda que a maioria das distribuidoras que participou do leilãovai aguardar o cenário financeiro melhorar, para poder calcular qual será ocusto do financiamento de seu investimento. Esse é um dado preocupante que mostra que o cenário não é tão cor-de-rosa como foi colocado pela Empresa dePesquisa Energética (EPE), disse Castro.