Depois de criar polêmica ao não participar do anúncio do corte no orçamento, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, convocou uma entrevista na portaria do prédio da pasta para comentar o ajuste fiscal e também dizer que não pretende aumentar impostos como noticiado. Ele defendeu que o Brasil tem de passar por um momento de profundo ajuste e admitiu que a economia brasileira possa ter encolhido no primeiro trimestre deste ano.

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“O contingenciamento teve o valor adequado. É uma das políticas que estão sendo postas em prática. É uma parte importante. Outras partes são mais estruturais como o realimento de preços, atividades de concessões e o ver como a gente reorganiza o financiamento de longo prazo agora que acabou o dinheiro”, disse o ministro.

Segundo o ministro, o corte no orçamento é fundamental para o cumprimento da meta de economia para pagar juros da dívida e para a busca do perdido equilíbrio fiscal, já que o Brasil tem um “problema de arrecadação”. Levy ressaltou que nos últimos anos, a arrecadação não tem atendido as necessidades do governo. Tem se vivido de receitas extraordinárias e de programas como o Refis (refinanciamento de dívidas) e ao mesmo o governo abria mão de receitas com o programa de desonerações. Ele defendeu que é preciso uma situação um pouco mais equilibrada.

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“Apesar do déficit primário, que foi muito grande e botou em risco o rating, o PIB não foi muito grande e as empresas não investiram. O contingenciamento foi uma coisa muito importante. A gente cortou na carne”.

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Impostos

Sobre a possibilidade de elevação de outro tributos, Joaquim Levy disse que não “tem calculado nada de IOF”. A possibilidade de aumento de Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) era aventada na semana passada.

“A gente tem de ir com calma na parte de imposto. Não adianta a gente inventar novos impostos como se fosse isso que iria salvar a economia brasileira. não é por aí. A gente tem uma coisa mais profunda, que não se resolve com coisas fáceis por mais emocionantes que possam ser”, disse.

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Quando questionado sobre a previsão de a economia ter encolhido no primeiro trimestre, ele respondeu que no começo do ano, havia grandes temores e muitos agentes econômicos retraíram-se. Havia preocupação em relação a downgrade, relação à Petrobras e também muito medo em relação à questão energética.

“Muitos desses medos desapareceram. Tem gente que acha que foi tudo resolvido. O que não é verdade. Do plano do governo, apenas uma parte foi implementada até agora”, frisou Levy. No começo do ano, os agentes estavam em grande expectativa e retraimento. Não seria surpresa a gente ver uma situação dessas (retração). O que interessa é que vem pela frente.

Para ele, o momento é de enfrentar temas que vão além disso, como competitividade e produtividade. A necessidade agora é “fazer um ajuste estrutural” porque mudaram as condições de economia brasileira e o preço internacional das commodities — que beneficiava as exportações — não é mais o mesmo.

“Apesar de o governo ter dado muito incentivo fiscal, as empresas não tiveram um desempenho muito forte. Questões de como a gente pode ter a economia brasileira ter mais vitalidade e não necessariamente só botando dinheiro público”, defendeu Levy. “As receitas previstas pelo Orçamento, aprovado há um mês, não tem conexão com a realidade da arrecadação. O PIB não está devagar por causa do ajuste. O ajuste está sendo feito porque o PIB está devagar”, completou.

A entrevista de Levy na portaria foi uma surpresa, já que o ministro — quando assumiu o posto — prometeu não falar na entrada do ministério.

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