Segundo colocado na corrida presidencial, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) recorreu nesta terça-feira (25) a uma brincadeira para avaliar a indicação de Joaquim Levy para comandar o Ministério da Fazenda no segundo mandato da presidente Dilma Rousseff.
Após um discurso inflamado cobrando do Congresso uma ação contra o descontrole do governo com as contas públicas e responsabilização da petista, o tucano afirmou que a ida de Levy para a Fazenda seria o mesmo que colocar um agente da norte-americana CIA no comando da soviética KGB.
Aécio afirmou que estava pegando emprestada a comparação feita pelo ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga, coordenador de seu programa econômico nas eleições. Os dois serviços de inteligência atuaram na Guerra Fria.
Resistência
"Sobre essa questão do Levy, eu acho que o mais adequado é a consideração que fez meu amigo Armínio Fraga que disse ver na indicação de Joaquim Levy algo como se um grande quadro da CIA fosse convocado para dirigir a KGB", afirmou a jornalistas.
Nos bastidores, tucanos afirmam que Levy colaborou informalmente com a campanha de Aécio e era cotado para a equipe de Armínio Fraga - coordenador do programa econômico tucano. O ex-secretário do Tesouro, hoje no Bradesco, foi aluno de Armínio. Os dois mantêm uma relação próxima.
Na campanha, Levy trocava ideias com Armínio sobre propostas para a área fiscal.
Uma ala do PT ainda tenta reverter a escolha de Levy para a Fazenda, alegando sua proximidade com o projeto econômico do PSDB. Publicamente, petistas destacam que Dilma tem a palavra final sobre a política econômica, mas, reservadamente, fazem queixas a seu perfil liberal e pode implementar o arrocho condenado por Dilma.
Outros nomes
Na sexta-feira (21), Dilma convidou, além de Joaquim Levy, Alexandre Tombini para permanecer no BC e Nelson Barbosa para o Planejamento, mas adiou a divulgação oficial para esta semana.
A Folha apurou que a principal resistência a Levy parte das alas mais à esquerda no PT e da corrente Mensagem, segunda maior força interna e que tem o governador Tarso Genro (RS) e o ministro José Eduardo Cardozo (Justiça) como principais expoentes.
O temor é que Levy traga de volta o aperto nas contas públicas do início do primeiro mandato de Lula.