A Vivo Participações, maior companhia de celular do Brasil, registrou um lucro líquido de R$ 123,5 milhões no primeiro trimestre do ano. No mesmo período de 2008, o lucro havia sido de R$ 97,6 milhões.
A companhia, controlada pelos grupos Portugal Telecom e Telefónica, ampliou também a receita líquida, mas sente o consumidor um pouco mais "conservador" este ano, segundo Roberto Lima, presidente da operadora.
Depois de ver o Brasil começar o ano "um pouco assustado", Lima aponta que o celular ganhou a concorrência de outros setores na preferência do consumidor, já que o governo isentou de IPI automóveis e itens da linha branca, o que pode inibir a troca do aparelho móvel. A alta do dólar também elevou o preço dos aparelhos, contribuindo para retrair o consumidor.
Em relação ao uso do serviço, "tanto empresas como pessoas físicas estão fazendo um uso mais racional", apontou Lima. Mesmo assim, "a gente vê que nosso serviço é essencial, o uso do serviço cresce bastante".
Números
A empresa adicionou 696 mil novos clientes no trimestre e fechou março com 45,6 milhões de usuários, volume 19% maior que em igual mês de 2008.
A receita líquida subiu 9,2%, para R$ 4,02 bilhões, enquanto o lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, da sigla em inglês) ficou em R$ 1,2 bilhão.
Concorrência
O acirramento da concorrência e a conquista de usuários de menor poder aquisitivo, entretanto, reduziram a receita média por usuário (ARPU, da sigla em inglês) da Vivo no período. O ARPU caiu 8,5%, para R$ 27.
De acordo com Lima, "o ARPU vem caindo ano a ano pelo aumento da concorrência e pela atração de usuários novos vindos de camadas mais baixas da população". Segundo ele, muito dessa concorrência tem se baseado em preço, o que faz com que parte dos clientes fiquem "com dois ou três chips no bolso" e elevem as taxas de churn (desistência).
Nem por isso, Lima vê sinais de concorrência predatória no mercado. "É o mercado, não vejo nada antiético, acho que tem alguma coisa agressiva, mas cada um com suas armas, cada um com aquilo em que acredita", ponderou.
Ele lembra, inclusive, que a receita média poderá subir na medida em que os usuários ampliarem o acesso à banda larga pelo celular. A receita de serviços de dados da Vivo cresceu 29% no trimestre sobre igual período de 2008, mas a rede 3G, lembra Lima, por enquanto está restrita a 400 municípios, enquanto os serviços de voz estão em todo o Brasil.
Alavancagem
O endividamento líquido da Vivo subiu para R$ 5,57 bilhões no primeiro trimestre, ante os R$ 2,22 bilhões de igual período do ano anterior, graças aos investimentos feitos ao longo do ano passado na implantação da rede em novas regiões, na compra da Telemig Celular e no pagamento das licenças de 3G.
Apesar do aumento em números absolutos, Lima destaca que a empresa conseguiu alongar o perfil da dívida e se considera hoje "uma companhia muito pouco alavancada", já que o endividamento corresponde a 1,1 vezes o Ebitda (do ano passado), enquanto analistas consideram razoável ter uma relação de até 2 vezes o Ebitda em dívidas.