O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou nesta terça-feira (02), em Belo Horizonte, que a capacidade de o governo federal administrar os reflexos da crise financeira global está diretamente relacionada à responsabilidade fiscal.
"O presidente Lula contornará a crise se ele tiver responsabilidade fiscal porque, até agora, o governo aumentou muito o gasto público, especialmente com pessoal, como se a arrecadação fosse crescer indefinidamente. Agora é que vão começar haver dificuldades. Então, daqui para frente, é que nós vamos saber se o governo vai ser capaz de administrar", afirmou.
De acordo com ele, o Banco Central (BC) atuou de forma correta ao promover a liquidez no mercado financeiro, mas novos reflexos na economia do País deverão ser mais observados a partir de 2009 "A crise está apenas começando, essa crise é séria. O centro dela não é aqui, é lá fora, mas já nos alcançou. E vai alcançar mais, o ano que vem será um ano difícil", disse. O ex-presidente disse torcer para que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva consiga administrar as conseqüências, sob pena de o Brasil começar a sofrer com o aumento dos níveis de desemprego. "Eu acho que nós devemos ajudar ao máximo o Brasil a contornar a crise."
Em palestra promovida pela Associação de Dirigentes de Vendas e Marketing do Brasil (ADVB), denominada Prefácio Brasil, Fernando Henrique considerou que, nas últimas duas décadas, o País conseguiu grandes avanços em termos de consolidação das instituições democráticas e fortalecimento de vários setores econômicos, incluindo a indústria, o agronegócio e serviços. A partir de agora, de acordo com ele, será preciso que o País redefina diversas posições de forma a competir em condições de igualdade com outras nações. "O Brasil está avançando, mas não nos iludamos, outros países do mundo também estão avançando."
Dessa forma, conforme o ex-presidente, a expectativa é de que a competição entre os países emergentes também aumente. "Temos algumas vantagens em relação à energia, como a oferta de petróleo e etanol, por exemplo, mas também temos fragilidades, como a falta de gás natural e deficiências nas áreas de educação e segurança", considerou.