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Crise financeira

Lula diz que país não terá recessão mesmo com PIB perto de zero

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta terça-feira (10) que o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) do quarto trimestre do ano passado já era esperado pela equipe econômica e que se o Brasil tiver crescimento próximo a zero ainda assim estará melhor que outros países.

O PIB nacional registrou retração de 3,6% no quarto trimestre de 2008 segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta terça-feira. Mesmo com a retração recorde desde 1996, a economia brasileira cresceu 5,1% no ano passado. Nesta terça,o ministro Gudio Mantega (Fazenda) disse que ficou "difícil" atingir a meta de governo de um crescimento de 4% em 2009.

"Mesmo que ele [o PIB] seja próximo de zero, o Brasil será um dos poucos países do mundo, dos emergentes e dos grandes, que não terá uma recessão como terão os países ricos", disse.

O presidente afirmou que o novo plano de habitação e obras de infraestrutura vão ajdar a alavancar a economia brasileira. "Estamos começando o ano, e as obras de infraestrutura estão acontecendo com muito mais força, e nós vamos anunciar um programa de habitação muito vigoroso, e vamos continuar trabalhando as ações sociais do governo", afirmou Lula.

O presidente indicou ainda que o primeiro trimestre será "fraco" para a economia brasileira, mas que haverá uma retomada a partir deste mês.

"Eu penso que o que aconteceu com o PIB brasileiro já era esperado pela equipe econômica no primeiro trimestre em função do que aconteceu a partir de outubro. Nós sabíamos que íamos ter um primeiro trimestre fraco, mas temos consciência de que é possível a gente dar a volta por cima já que em março vai começar a haver sinais de recuperação em várias áreas da atividade econômica", declarou.

Ele também fez uma análise sobre a conjuntura global e disse que ainda é preciso que o crédito internacional seja retomado. Lula estimou que os próximos meses devem indicar uma recuperação da economia brasileira.

"Se é verdade que falta entre US$ 700 bilhões e US$ 800 bilhões para fazer fluir o crédito internacional, significa que vamos ter que discutir quem vai colocar esse dinheiro. Aqui no Brasil sabemos as medidas que tomamos e sabemos que leva um tempo para ter efeito. Eu acho que já vamos ter a partir de março, abril e maio um período de crescimento e nós poderemos chegar ao final do ano com uma boa recuperação econômica no Brasil", salientou.

Questionado se descartava a meta do governo de crescimento de 4% do PIB para este ano, Lula foi inconclusivo: "Por enquanto eu não descarto nada".

Protecionismo

Lula voltou a criticar medidas protecionistas adotadas por alguns países. Para ele, os governantes que usarem desse artifício para proteger suas economias estarão trabalhando para afundá-las no médio prazo.

"Tem que acabar com essa conversa de protecionismo. Quem achar que vai se salvar fazendo protecionismo vai acabar de afundar sua economia no médio prazo. O que precisamos é de mais comércio", voltou a dizer.

Segundo ele, o momento da economia mundial é muito grave e "o mais grave é que a gente ainda não sabe o tamanho do buraco nos Estados Unidos e na Europa", afirmou.

"Está ficando claro para todo mundo que essa é uma oportunidade para a gente não ficar chorando. É uma oportunidade para a gente fazer as coisas de forma diferente do que vinha sendo feito para que o sistema financeiro não venha a se descolar do setor produtivo e para que os governantes possam regular com mais força o sistema financeiro. Tudo isso são coisas que achamos que tem que ser discutido no G20 e ao mesmo tempo achamos que tem que retomar a rodada de Doha", disse.

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