As manifestações em torno do Dia Nacional de Luta, convocadas pelas centrais sindicais nesta quinta-feira (11), já atingiam, por volta das 10h30, pelo menos 11 estados do País. Os maiores problemas foram causados pelos bloqueios realizados em cerca de 35 rodovias federais e estaduais.
Uma das principais do país, a Presidente Dutra, que faz a ligação entre São Paulo e Rio de Janeiro, ficou bloqueada boa parte da manhã, nos dois sentidos, na altura da cidade de São José dos Campos (SP). A estrada já foi liberada neste ponto, mas outra interdição pode ocorrer até o final da manhã, na região de Guarulhos, onde os protestos de funcionários de indústrias da região já bloqueia quatro faixas da pista Marginal da Rodovia Presidente Dutra, no sentido São Paulo, na altura do km 124. Os estados mais afetados pelos protestos, até o momento, são Rio Grande do Sul, São Paulo, Pernambuco e Bahia.
Em Campinas (SP), pelo menos 300 manifestantes iniciaram uma passeata pelas ruas do centro da cidade. O grupo partiu da Estação Cultura, por volta das 9h30. Eles devem fazer um primeiro ato em frente à Catedral Metropolitana. Em dia de protestos pelo país, ônibus e metrô também pararam em Belo Horizonte.
Ainda em São Paulo, um grupo de pessoas ligadas ao Movimento Passe Livre (MPL) está reunido em frente ao Paço Municipal de São Bernardo do Campo, para dar início a um ato de apoio ao protesto organizado por sindicalistas do setor de transportes da região. Às 11 horas, os manifestantes vão iniciar a marcha rumo ao Consórcio Intermunicipal, uma espécie centro de discussões políticas da região metropolitana, localizado em São Bernardo.
Na capital paulista, mesmo com metrô e ônibus em funcionamento, há 21 pontos de protestos nas ruas. Um deles reúne um grupo de cerca de 200 aposentados que, por volta das 10 horas, subia a Avenida Brigadeiro Luis Antônio, no sentido da Avenida Paulista. Segundo a PM, não há prejuízos ao trânsito.
Cerca de 500 motoboys deixaram perto das 10h30 a sede do sindicato da categoria, na zona sul, rumo à Avenida Paulista. Na saída, os motoqueiros ocuparam quatro faixas da Avenida dos Bandeirantes. A PM acompanha essa manifestação.
No Rio de Janeiro, trabalhadores em protesto por melhores condições de vida interditaram um trecho da BR-493, na altura de Itaguaí, região do Grande Rio, por volta das 6h30. Convocada pelo Sindicato dos Metalúrgicos, a manifestação ocupava um acesso ao Porto de Itaguaí, mas foi dissipada pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) uma hora depois. Funcionários que chegavam de ônibus para trabalhar na Nuclebrás Equipamentos Pesados chegaram a ser impedidos de entrar pelos manifestantes, que atearam fogo em pneus para obstruir a passagem dos veículos. Mas a situação já se normalizou, segundo informou nesta manhã a PRF.
No Paraná, metalúrgicos paralisaram as principais fábricas do estado nesta manhã e bloquearam estradas na região de Curitiba. Também há um protesto de trabalhadores da coleta de lixo, que fazem passeata pelo Centro da capital, rumo ao Palácio Iguaçu, sede do governo estadual.
Portos bloqueados
Segundo informações coletadas até as 11 horas, pelo menos dois portos brasileiros estavam fechados por manifestações de trabalhadores. Em São Paulo, os acessos ao Porto de Santos foram fechados por protesto. E, em Pernambuco, o Porto de Suape era afetado por uma interdição no acesso.
Pauta de reinvidicações
As principais reivindicações são pelo fim do fator previdenciário, pela redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais sem redução de salários, pela aceleração da reforma agrária e pela aplicação de 10% do Produto Interno Bruto (PIB) na educação e de 10% do Orçamento da União para a saúde. Organizações sindicais e o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) organizam o ato.
Metalúrgicos e trabalhadores da construção civil, bem como operários de obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), devem aderir totalmente ao movimento. Outras categorias devem parar parcialmente, como bancários e funcionários da área de telefonia.
"A nossa mobilização é no sentido de pressionar, tanto o Legislativo quanto o Executivo, para que nossas pautas históricas, que estão há muito tempo nos dois Poderes, possam avançar", explicou Carmem Foro, vice-presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT). Zé Maria de Almeida, da CSP-Conlutas, destacou a continuidade das manifestações, que começaram em junho. "O protesto vai ser muito forte. Vamos ter greves em centros grandes. Depois das mobilizações de rua que pararam o país, entram as entidades organizadas".
De acordo com o presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva (Paulinho da Força), a intenção dos organizadores não é apenas serem recebidos pela presidenta Dilma Rousseff. "Esperamos que a presidenta atenda às reivindicações. Ela precisa atender, ela já sentou para conversar com a gente três vezes e não resolveu nada. Se ela não atender, vamos continuar nos mobilizando".