O Brasil se saiu melhor que o resto do mundo na crise, mas a euforia com a economia nacional, que vem atraindo o capital estrangeiro, pode prejudicar o país, segundo o ganhador do prêmio Nobel de economia da 2008, Paul Krugman, em entrevista nesta quarta-feira (2), em São Paulo. "Está na hora de dizer: Estamos melhores do que estávamos, mas não tão bem assim. Não amem tanto a gente", disse ele. De acordo com o vencedor do Nobel de Economia, a taxação dos investimentos externos não surtiu o efeito esperado, e o país deve buscar alternativas para estancar o fluxo de investimentos. Segundo Krugman, o Brasil está indo bem e tem uma boa história. "Mas não é [o suficiente para] dizer que vai se tornar uma superpotência no próximo ano. E os mercados estão agindo como se fosse", diz o colunista do "The New York Times".
Perigos da 'euforia'
Para o economista, a euforia dos investidores externos com o Brasil não é saudável e pode gerar reflexos negativos. Ele lembrou os casos da Argentina, que em 1993 era a "grande revelação" da economia, entrando em crise pouco depois, e os casos do sudeste asiático e da Europa oriental, que passaram por problemas semelhantes.
"Nós já vimos esse filme vezes o suficiente. Vocês não querem ver isso acontecer com vocês", afirmou. "Os mercados estão perdendo o contato com a realidade", afirmou. "O real me parece muito valorizado, a um nível que é difícil justificar. É difícil dizer que faz sentido [a atual cotação da moeda frente ao dólar]", frisou.
De qualquer forma, ele afirma que a economia brasileira se saiu bem diante dos problemas enfrentados pelo mundo todo: "O Brasil é uma história feliz."
Desemprego nos EUA
Questionado sobre o futuro da crise, Paul Krugman disse acreditar que a fase "apocalíptica" já acabou. Ele disse, porém, que haverá mais choques e problemas, "mas não são coisas do fim do mundo".
Em relação ao desemprego nos Estados Unidos, no entanto, o pior ainda está por vir. Krugman projeta uma taxa de desemprego para 2010 semelhante à atual, em torno de 10%, apesar da recuperação do Produto Interno Bruto (PIB), que pode crescer em cerca de 2,5% no próximo ano. "Precisamos fazer algo a respeito (do desemprego). É a grande questão agora. Quanto a isso, a crise não terminou, ela ainda continua", diz ele.
Parte do problema, afirma, é consequência de um plano de estímulo fiscal "muito pequeno", cujos efeitos já estão se esgotando. "O crescimento que nós temos [os EUA saíram da recessão no terceiro trimestre deste ano] é de estoques e do estímulo fiscal. Mas isso não é uma fonte duradoura de crescimento. O estímulo já teve seu grande impulso na economia. Teríamos que ver uma grande recuperação no consumo, não vemos outras fontes de crescimento aparecendo."
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