Os 2,6 mil metalúrgicos da unidade da Volvo localizada na Cidade Industrial de Curitiba (CIC) podem entrar em greve por tempo indeterminado a partir desta terça-feira (15) caso não recebam da empresa uma nova proposta de reajuste salarial. Na manhã desta segunda-feira (14), o Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba (SMC) rejeitou a última sugestão da montadora, mas decidiu manter as atividades por mais um dia antes de iniciar uma paralisação.
Caso seja confirmada a greve,os trabalhadores da Volvo se somarão a outros 8,5 mil metalúrgicos das unidades da Volkswagen e Renault de São José dos Pinhais, na região metropolitana, que estão de braços cruzados desde a semana retrasada e que, nesta segunda-feira, decidiram pela continuidade da paralisação.
Os trabalhadores das três empresas reivindicam aproximadamente 10% de reajuste salarial (5,32% de aumento real mais reposição da inflação) e um abono de R$ 2 mil a partir de setembro. Para os funcionários da Volvo, o SMC reivindica ainda um reajuste no vale-mercado, de R$ 60 para R$ 150.
Segundo o sindicato, a última proposta da Volvo foi de um reajuste real de 2% e um abono de R$ 2 mil a partir de outubro. A empresa também propôs incorporar o aumento no valor do vale-mercado no salário dos funcionários. Para Nelson Silva de Souza, diretor do SMC, não há possibilidade de acordo com esses valores. "Esperamos um novo posicionamento da montadora até o fim do dia. Se não houver avanços, votaremos pela paralisação na manhã de terça", diz.
De acordo com a assessoria de imprensa da Volvo, as negociações seguem em aberto. A empresa afirma que fez uma proposta de 6,53% de aumento real, mas ainda não houve acerto. Novas assembleias são esperadas na terça-feira.
Renault e Volkswagen
Também em assembleias realizadas na manhã desta segunda-feira, os metalúrgicos da Volkswagen e da Renault decidiram pela continuidade da greve. Na Volks, cerca de 3,5 mil trabalhadores estão de braços cruzados desde o dia 3, enquanto os cinco mil funcionários da montadora francesa iniciaram a paralisação no dia 4.
A Volkswagen não chegou a apresentar nenhuma proposta, segundo o SMC, mas sugeriu que a greve fosse interrompida para que as negociações pudessem ser retomadas. Já a Renault propôs o repasse da inflação dos últimos 12 meses (4,44%, segundo o INPC), abono de R$ 1.750 e um aumento de 1% a ser liberado em agosto de 2010. "A proposta ainda está muito longe do que desejamos", avalia José Roberto Athayde, secretário do SMC.
A decisão dos trabalhadores já havia sido adiantada na sexta-feira (11), após audiências de conciliação entre sindicato e empresas no Tribunal Regional do Trabalho (TRT). Novas reuniões estão marcadas para esta segunda-feira às 14 horas para discussão da situação dos trabalhadores da Volkswagen, e às 17 horas para o caso da Renault.
Desde o início da paralisação nas duas montadoras, o SMC estima que 10 mil automóveis deixaram de ser fabricados em Curitiba e São José dos Pinhais.
Segundo a assessoria de imprensa da Renault, a direção da companhia sempre manteve diálogo com os trabalhadores e se mostra surpresa com a atitude dos metalúrgicos. Para a montadora, a comunicação sempre foi a melhor ferramenta de negociação entre as partes. A reportagem entrou em contato com a assessoria de imprensa da Volkswagen por volta das 9 horas, e aguarda um posicionamento da montadora em relação à greve.