A falta de moedas nos estabelecimentos de Curitiba afeta comerciantes e ambulantes que precisam recorrer a estratégias para arrecadarem trocos com clientes e funcionários. Se até pouco tempo a principal reclamação era pelo sumiço das moedas de baixo valor, como de R$ 0,05 e R$ 0,10, até mesmo as maiores, de R$ 0,50 e R$ 1, desapareceram dos caixas dos lojistas da região.
O que sobra para muitos empresários é o prejuízo. Gerente de uma lotérica no Centro de Curitiba, Adirço Pandini precisou recorrer a um intermediário para conseguir troco. Essa pessoa compra as moedas recolhidas por empresas de ônibus e repassa para a lotérica com um acréscimo de 5%.
“Compro de R$ 3 mil a R$ 5 mil em moedas por mês”, afirma Pandini. Ele conta que em bancos não consegue trocar o dinheiro e que os clientes se acostumaram a só trazer notas grandes para pagar as contas. Para não faltar o troco ao cliente, compra o estoque de moedas todos os meses.
A mesma reclamação faz a gerente da farmácia Panvel no centro de Curitiba. Ana Maria Nazaré conta que a maioria dos clientes paga as contas em dinheiro e, normalmente, só traz cédulas na carteira. “Ontem mesmo (terça-feira, 29), não tinha nenhuma moeda no caixa. As atendentes precisam implorar para os clientes acharem uma moeda perdida na bolsa”, conta.
Uma solução adotada pela Panvel para contornar o problema foi aderir a campanha Troco Amigo, do Hospital Pequeno Príncipe. O cliente que quiser, pode doar o troco da compra ao hospital. A Panvel repassa o dinheiro doado e fica com as moedas.
Uma das explicações para a falta de moedas é a redução da produção nos últimos dois anos. Em 2015, a Casa da Moeda fabricou pouco mais de 657 milhões de unidades, número superior as 400 milhões produzidas no ano anterior, mas que representa apenas 28,6% das 2,3 bilhões de moedas feitas em 2013.
Existem 23,8 bilhões de moedas em circulação, segundo o Banco Central, mas o hábito de as pessoas esquecerem ou perderem os trocos que recebem também contribui para o sumiço. Para amenizar o problema, os comerciantes precisam comprar moedas de terceiros ou ter “cara de pau” e pedir para todos – clientes, funcionários e parentes.