Porto Digita, no Recife, é exemplo de ação municipal com impacto econômico.| Foto: Divulgação

A concentração dos instrumentos tradicionais de política econômica nas mãos dos governos federal e estadual não significa que os municípios não tenham capacidade de influenciar o desenvolvimento econômico. Para além da renúncia fiscal e da doação de terrenos para a instalação de empresas, há muito o que as cidades podem fazer, e a criatividade tem sido a tônica das soluções eficazes.

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Para a diretora presidente da Agência Curitiba de Desenvolvimento, Gina Paladino, o foco principal dos municípios tem sido atrair empresas que ofereçam produtos e serviços de alta tecnologia e de alto valor agregado. “Essas empresas pagam melhores salários e geram mais renda para o município. Mas, para que os municípios consigam atraí-las é preciso muito mais que isenção de ISS”, diz.

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Algumas cidades do Brasil já têm bons exemplos de desenvolvimento econômico impulsionado por ideias criativas que envolvem a atuação dos poderes públicos e da iniciativa privada, confira algumas delas:

Recife

O grande destaque da capital pernambucana é o Porto Digital, um dos principais parques tecnológicos e ambientes de inovação do Brasil. Localizado no centro histórico de Recife, o Porto concentra sua atuação nos eixos de software e serviços de Tecnologia da Informação e Comunicação e Economia Criativa, com ênfase nos segmentos de games, multimídia, cine-vídeo-animação, música, fotografia e design. A região, antes degradada e de pouca importância para a economia local, vem sendo requalificada e hoje abriga 250 empresas, organizações de fomento e órgãos de governo. O conjunto das empresas que fazem parte do Porto Digital faturou nos últimos três anos mais de R$ 1 bilhão. Desse montante, 65% são originados de contratos firmados fora do estado de Pernambuco. A Porto Digital é fruto de uma articulação entre poder público e iniciativa privada.

Florianópolis

Aliando a promoção da inovação com qualidade de vida, Florianópolis foi considerada a capital mais inovadora do Brasil pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. Um dos projetos de destaque na cidade é o Sapiens Parque, que une o poder público e a iniciativa privada em prol da revitalização e investimentos no centro histórico da cidade e tem o objetivo de estimular a economia criativa nas áreas de design, turismo, gastronomia, artes, moda e tecnologia. Uma das parceiras neste projeto é a Fundação Certi, que foi criada em 1984 na UFSC e atualmente é composta por oito Centros de Referência que atuam com foco em soluções tecnológicas inovadoras para a sociedade e o mercado brasileiro.

Campinas

Em um ranking de empreendedorismo das cidades brasileiras promovido pela Endeavor, Campinas ocupa o 5º lugar geral – é a primeira entre municípios que não são capitais. O estudo aponta a cidade como um polo inovador que tem uma alta proporção de pesquisadores nas áreas de ciência e tecnologia e muitos investimentos do BNDES e da FINEP. A cidade conta com 5 parques tecnológicos e 15 centros de pesquisa tecnológica. As atividades de pesquisa e desenvolvimento geraram um mercado de R$ 797,6 milhões em 2014. Em paralelo, a economia criativa, outro pilar de crescimento e desenvolvimento da cidade, gerou R$ 4,45 bilhões em 2014.