Após duas semanas desde o leilão de venda de suas operações para a VarigLog, a Varig já mostra maior ocupação nos seus aviões. Cansado, mas impressionado com a boa acolhida dos clientes dada à nova Varig, o empresário Marco Antônio Audi, sócio da Volo do Brasil, dona da VarigLog, informou que a ocupação dos aviões subiu de 12%, no dia do leilão, para 48% esta semana. E tendência é crescer ainda mais, na avaliação dele.
- Estamos negociando com as empresas de leasing, inclusive a compra de aviões. Levando em conta que foram apenas oito dias úteis, conseguimos quase um milagre - disse Audi, referindo-se ao trabalho em parceria com um grupo de 43 pessoas de consultorias contratadas para a empreitada.
No dia 20 de julho, a Varig foi vendida para a VarigLog por US$ 505 milhões, dos quais US$ 20 milhões já haviam sido aplicados na companhia. O restante será injetado ao longo dos próximos anos.
Se a compra de 50 aviões for fechada, conforme prevê Audi, mais US$ 2 bilhões entrarão nessa conta.
Audi evita estimativas de participação de mercado, mas diz que, aos poucos, a Varig retomará o seu lugar no mercado e, na semana que vem, a frota subirá dos atuais 12 aviões para 17.
O objetivo, no primeiro momento, é utilizar aviões que fazem trajetos mais longos (cinco semana que vem) para as rotas Frankfurt e Miami/Nova York e os de menor porte para as principais capitais brasileiras e vôos para Caracas e Santiago.
Em uma ou duas semanas, Audi deve divulgar o nome do presidente da nova empresa, que continuará com a marca Varig mas deixa uma dívida de mais de US$ 7 bilhões de reais. O atual presidente, Marcelo Bottini, ficará na antiga Varig, segundo Audi.
- Pelo menos por enquanto, ele tem muito a fazer lá - disse.
Ele informou que a sede da empresa continuará no Rio de Janeiro mas o 'hub' (centro de distribuição de vôos) será transferido para São Paulo, onde existe maior fluxo.
- O hub é uma questão virtual, não quer dizer nada, a maioria absoluta de vôos saem de Congonhas e Guarulhos. Temos de ser eficientes, senão as duas concorrentes batem na gente - explicou, referindos-se à TAM e à Gol.
Audi disse confiar na tradição da Varig para retomar o espaço da empresa no mercado. Para isso, procura uma agência de publicidade para iniciar campanha quando fechar a compra de 50 aviões. A meta é terminar 2006 com pelo menos 45 aeronaves.
- Já contratei um novo chefe, porque esse negócio de barrinha não é a nossa cara. Quem quer conforto vai viajar pela Varig - disse.
Audi destacou que, agora, uma empresa completamente diferente da antiga na parte financeira vai chegar ao mercado, e só fechará negócios de arrendamento de aeronaves se forem favoráveis à gestão profissional que vem sendo empreendida.
- Vou escolher o novo presidente de fora do setor aéreo. Do setor eu entendo, quero alguém para administrar - explicou o executivo, que, antes da VarigLog, trabalhava em uma empresa de helicópteros.
Nem mesmo abandonar a exclusividade da Boeing será problema, segundo ele.
- Podemos ter dois modelos. A idéia é misturar um pouco no começo - disse Audi, que vem conversando com a Airbus e a Embraer .
O empresário disse ainda não temer a avalanche de ações na Justiça por parte dos empregados da antiga Varig, que reivindicam da VarigLog os salários atrasados e as rescisões contratuais.
- Isso é com a antiga Varig. Temos confiança na nova lei de recuperação judicial e a lei é soberana - afirmou.
Ele acrescentou que os empregados que ficaram e os que ainda serão recontratados terão seus salários em atraso devidamente pagos.
- Daremos um passo atrás do outro para a Varig voltar a ser uma estrela.