“Os empresários, quando estavam ganhando, não chamaram os trabalhadores para dividir os lucros. Então a flexibilização das leis trabalhistas não é o caminho.”Carlos Lupi, ministro do Trabalho| Foto: ABr

Desocupação cai, diz Dieese

A taxa de desemprego nas regiões metropolitanas de Belo Horizonte, Recife, Porto Alegre, Salvador, São Paulo e Distrito Federal, pesquisada pelo Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Sócio-Econômicos (Dieese) e Fundação Seade, caiu de 13,4% em outubro para 13% em novembro. O recuo no desemprego é comum nos meses de novembro, mas, como o número de pessoas sem trabalho já vinha caindo ao longo do ano, a taxa alcançou o menor patamar desde janeiro de 1998.

Esse resultado indica que o contingente de desempregados nas seis regiões abrangidas pela pesquisa encolheu em 71 mil pessoas na comparação com o mês anterior, somando 2,67 milhões de pessoas. O resultado apresentado pelo Dieese diverge dos dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na semana passada. Segundo levantamento do IBGE, a taxa de desocupação cresceu de 7,5% em outubro para 7,6% em novembro, um movimento atípico para o período.

Por regiões, o emprego aumentou em Recife (1,5%), Distrito Federal (0,9%), São Paulo (0,4%), Porto Alegre (0,3%) e Salvador (0,2%) e ficou estável em Belo Horizonte. Em São Paulo, a taxa de desemprego caiu de 12,5% em outubro para 12,3% em novembro, a menor taxa para novembro em 16 anos.

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O mercado formal de trabalho registrou em novembro o seu primeiro recuo desde o início da administração Lula, em 2003. Segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgados ontem, houve uma perda líquida (novas contratações menos demissões) de 40.821 vagas. Os dados fizeram com que o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, revisasse as previsões do governo para a criação de postos de trabalho este ano e no próximo. A expectativa era encerrar 2008 com a criação de 2 milhões de novos empregos, e fechar 2009 com 1,8 milhão. As novas metas são de 1,85 milhão para este ano e de 1,5 milhão no próximo.

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O principal responsável pela queda de novembro foi a indústria, que fechou 80.789 postos com carteira assinada, principalmente na área de produtos alimentícios, material de transporte, metalurgia e calçados. A agricultura veio em seguida, com 50.522 demissões líquidas. A construção civil, vedete do ano até então, reduziu o número de vagas em 22.731. Os setores de comércio, com abertura de 77.876 empregos, e de serviços, com um saldo de 39.298 contratações, ajudaram a atenuar o forte impacto da crise.

Para o último mês do ano, a perspectiva não é muito boa. Historicamente, há uma perda média de 300 mil postos de trabalho em dezembro. O ministro Lupi disse acreditar que a queda na geração de empregos em dezembro não será tão forte, porque as empresas anteciparam os cortes.

Já a revisão nos prognósticos deve-se principalmente, segundo o ministro, aos reflexos da crise financeira. Segundo Lupi, o crescimento na geração de empregos será pequeno nos meses de janeiro e fevereiro, mas será retomado em março. "Na minha opinião, o efeito mais grave da crise passa até março", arriscou. O ministro lembrou que o presidente eleito dos Estados Unidos, Barack Obama, tomará posse no dia 20 de janeiro, o que deve contribuir para criar "um clima diferente" naquele país, com reflexo na economia mundial. O menor crescimento da geração de empregos no início do ano, ainda segundo o ministro, será reflexo da situação da indústria automobilística, que iniciará o ano ainda com grandes estoques de carros.

Lupi observou que, mesmo com a revisão na meta, o país deve bater o recorde na geração de novos postos de trabalho. O melhor número já registrado é o do ano passado, quando foram criadas 1,617 milhão de vagas no mercado formal de trabalho.

A perda de postos de trabalho levanta com mais força a reivindicação de empresários para flexibilizar a legislação trabalhista. Lupi, no entanto, foi taxativo. "Os empresários, quando estavam ganhando, não chamaram os trabalhadores para dividir os lucros. Então a flexibilização das leis trabalhistas não é o caminho", disse.

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