O papa Bento XVI pediu nesta segunda-feira (9) à comunidade internacional que aproveite a atual crise financeira mundial como um incentivo para refletir sobre os mecanismos que governam a vida econômica e criar novas regras que garantam uma vida digna para todos.

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Em seu tradicional discurso perante os 179 embaixadores e representantes acreditados perante a Santa Sé, o Papa fez um balanço sombrio da atual situação mundial, "marcada lamentavelmente por um profundo mal-estar e por diversas crises: econômicas, políticas e sociais, que são sua expressão dramática", disse.

O Papa reconheceu que não podia deixar de mencionar "em primeiro lugar as graves e preocupantes consequências da crise econômica e financeira mundial", que "atingiu as famílias e empresas dos países economicamente mais avançados, nos quais teve sua origem", comentou.

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A partir da elegante Sala Régia do Palácio Apostólico, Bento XVI, que se dirigiu em francês aos diplomatas, advertiu que a crise repercute "profundamente na vida dos países em desenvolvimento", disse.

"Não devemos nos desanimar, mas sim retomar com decisão nosso caminho, com novas formas de compromisso", ressaltou.

"A crise pode e deve ser um incentivo para refletir sobre a existência humana e a importância de sua dimensão ética, em vez de sobre os mecanismos que governam a vida econômica: não apenas para tentar canalizar as partes individuais ou as economias nacionais, mas para dar novas regras que garantam a todos a possibilidade de viver dignamente e desenvolver suas capacidades para o bem de toda a humanidade", ressaltou.

O Papa também admitiu que a crise deixou "desorientados e frustrados" os jovens, tanto aqueles dos países ricos como dos países em desenvolvimento e de "diversas regiões", ressaltou.

"Seu mal-estar foi a causa dos fermentos que nos últimos meses atingiram, às vezes duramente, diversas regiões. Refiro-me sobretudo à África do Norte e ao Oriente Médio, onde os jovens que, assim como outros, sofrem a pobreza e o desemprego e temem a falta de expectativas seguras, implementaram o que se converteu em um vasto movimento de reivindicação de reformas e de participação mais ativa na vida política e social", assegurou.

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Em seu discurso, o Papa admitiu que o mundo vive um momento de "transição e mudança", e que "parece evidente que o modo adequado de continuar o caminho empreendido passa pelo reconhecimento da dignidade inalienável de qualquer pessoa humana e de seus direitos fundamentais".

"O respeito da pessoa deve estar no centro das instituições e das leis e deve contribuir para acabar com a violência", disse.

"Convido a comunidade internacional a dialogar com os atores dos processos em andamento", convocou o chefe da igreja católica, que também lamentou o "derramamento de sangue" na Síria, assim como a situação no Iraque e a violência religiosa que atinge vários países da África.