O ajuste macroeconômico no Brasil está seguindo seu curso, embora em velocidade diferente, mas fatores políticos superaram os efeitos econômicos no País, diz a declaração brasileira que será apresentada neste sábado, 16, na plenária do Comitê do Fundo Monetário Internacional, órgão máximo que dá as diretrizes de política econômica para o FMI, assinada pelo presidente do Banco Central, Alexandre Tombini. Ele chefia a delegação brasileira na reunião de primavera da instituição.
“No Brasil, a complexidade da economia mundial não tem sido o único fator a explicar a recente desaceleração no País”, afirma o texto. Neste momento, o comportamento do setor privado tem sido guiado por ‘desdobramentos relativos a eventos políticos domésticos’, que superaram os efeitos econômicos. Os desenvolvimentos políticos tiveram um impacto significativo sobre a recente performance econômica.”
Tombini ressalta no texto que apesar dos efeitos domésticos, a queda dos preços das commodities teve impacto significativo na economia brasileira. No lado monetário, o presidente do BC afirma que a inflação começou a cair, após atingir um pico em janeiro. “Dado que realinhamentos significativos dos preços das tarifas públicas não são mais esperados e o maior impacto da depreciação cambial ficou para trás, a dinâmica da inflação está começando a responder com mais força à recessão econômica.”
Fiscal
No lado fiscal, a consolidação das contas permanece crucial, afirma Tombini. “O ajuste do setor externo e a convergência da inflação são necessários, mas não o suficiente para restaurar a confiança de empresários e investidores.”
A declaração diz que o governo brasileiro tem enviado muitas propostas para o Congresso Nacional, destinadas a melhorar as perspectivas fiscais de longo prazo. Tombini reconhece, porém, que o ambiente político atual não tem sido favorável para a aprovação de reformas fiscais.
Pelo mundo
Sobre a economia mundial, a declaração brasileira destaca que as incertezas aumentaram desde outubro, o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) global foi revisado para baixo e riscos estão pendendo para a piora do cenário. Nesse ambiente, a recente calmaria do mercado financeiro mundial pode não ser estável.
A declaração brasileira ressalta que a piora da economia mundial se deve a fatores cíclicos e estruturais. O texto cita o processo de mudança da economia da China, a queda dos preços das commodities, o aperto das condições financeiras, além de fragilidades no sistema financeiro e riscos de deflação, limitando o crescimento na zona do euro e do Japão.
O processo de normalização da política monetária nos Estados Unidos, ressalta Tombini na declaração, estimulou ajustes na economia mundial, mas também tem sido fonte de volatilidade nos mercados de capitais internacional. Condições financeiras mais duras, incluindo as que resultaram da apreciação do dólar, contribuíram para fluxos menores de capital para mercados emergentes e alguns episódios de saída de recursos, além de contribuírem para taxas mais altas para a captação de recursos por empresas e governos dessas economias.