A exatos 200 dias do primeiro desligamento do sinal de TV analógico em uma cidade brasileira, o governo federal, as operadoras de telefonia e as emissoras, corre contra o tempo para definir a metodologia e os parâmetros da pesquisa que vai medir a penetração do sinal digital nos lares do país.
O levantamento é essencial para que o processo de transição do sinal analógico para digital seja levado adiante: em cada cidade, a TV analógica só será desligada se pelo menos 93% das residências tiverem como captar o sinal digital.
Telefônicas dependem do cronograma
A EAD, entidade criada pelas operadoras de telefonia vencedoras do último leilão do 4G e responsável por investir R$ 3,6 bilhões na implementação do processo de transição do sinal analógico para digital, ficará responsável pela aplicação da pesquisa que medirá a adesão dos lares à nova tecnologia.
Leia a matéria completaA primeira cidade a passar pelo processo é Rio Verde, com 202 mil habitantes, no interior de Goiás. Os moradores estão sendo avisados desde o início de abril sobre o fim da transmissão analógica com inserções sobre o prazo durante a programação de TV – faltando dois meses para a data final, haverá uma contagem regressiva fixa no canto da tela dos aparelhos. A campanha busca alertar os moradores de que é preciso comprar um conversor digital para as TVs antigas ou adquirir televisores que já vêm com o acesso ao novo sinal.
A pesquisa para medir a adesão à TV digital será aplicada próximo da data final de desligamento. Sabe-se, por enquanto, que ela seguirá os moldes da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), do IBGE, e que levará em conta somente as residências que acessem TV aberta – não serão consideradas, por exemplo, as famílias que tenham só a TV por assinatura.
Ponto crucial
A preocupação da Anatel leva em conta a possibilidade não só do porcentual de 93% não ser atingido por falta de interesse ou conhecimento da população, mas também da pesquisa não conseguir captar uma adesão que já ocorreria na prática –o que, nos dois casos, levaria a um adiamento do desligamento e poderia colocar em xeque o cronograma em outras cidades. O prazo final é novembro de 2018.
“Todo esse processo de validação é fundamental. O sinal não ser desligado [na data prevista no cronograma] é ruim para o processo como um todo, para as operadoras de telefonia e para os radiodifusores, que teriam de manter o sinal analógico no ar”, afirma o conselheiro da Anatel e presidente do Grupo de Implantação do Processo de Redistribuição e Digitalização de Canais de TV e RTV (Gired), Rodrigo Zerbone Loureiro, que falou sobre o assunto nesta terça-feira (12), em Curitiba, durante o seminário SET Sul 2015, promovido pela Sociedade Brasileira de Engenharia de Televisão.
Segundo Loureiro, as metodologias e parâmetros da pesquisa continuarão em discussão nas próximas reuniões do Gired, que tem encontros mensais. Mesmo assim a Anatel permanece confiante no cumprimento dos prazos, tanto que o conselheiro reconhece que o governo ainda não tem um “plano B” caso os porcentuais não sejam cumpridos.
“Não temos ainda uma abordagem definida. Esse é um tema [o adiamento] que teremos que trabalhar com muito cuidado, até para não criar um descrédito para o processo como um todo. Haverá uma contagem regressiva na TV e aí, no dia, não se desliga o sinal. Como vai parecer isso?”, questiona.
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