O presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, disse nesta segunda-feira (7) que a empresa apresentou à estatal boliviana YPFB uma proposta para a venda de 100% das duas refinarias de petróleo da estatal que foram nacionalizadas pelo governo boliviano em outubro do ano passado. Em Brasília, adotando um tom mais duro que o de costume nas negociações com o país, Gabrielli afirmou que espera receber uma reposta do governo boliviano em um ou dois dias.
Nesta segunda-feira, Gabrielli não disse qual seria o valor justo a ser recebido pelas refinarias. Nas últimas semanas, as partes vêm negociando, mas existe divergências sobre o valor a ser pago à estatal brasileira: os bolivianos querem pagar o valor contábil dos ativos (US$ 70 milhões) e a Petrobras quer receber o preço de mercado (cerca de US$ 200 milhões). A Petrobras aceitou repassar ao governo boliviano o controle das duas refinarias, em troca de uma indenização.
O presidente da Petrobras disse que o caso pode ir parar em cortes internacionais. "Se não tivermos acordo, vamos entrar na justiça internacional com base no tratado de proteção de investimentos. Iremos também entrar na justiça boliviana caso não tenhamos acordo", disse Gabrielli. Isso representa mudança em relação à postura adotada anteriormente pela Petrobras, que buscava manter alguma participação nas refinarias em território boliviano.
Investimentos comprometidos
O presidente boliviano Evo Morales assinou neste domingo (6) decreto que concede YPFB o monopólio da exportação do petróleo e derivados produzidos pelas refinarias do país.
Gabrielli deu exemplo do preço ofertado pela Bolívia para um subproduto do petróleo, o petróleo cru reconstituído. Segundo ele, o preco no mercado internacional é de US$ 55 por barril - entretanto, a Bolívia oferece apenas US$ 30,35 por barril para a Petrobras. "Essa medida da Bolívia reduz o fluxo de caixa da Petrobras no país e afeta fortemente as atividades da empresa", afirmou ele.
Por conta da postura da Bolívia, Gabrielli afirmou que novos investimentos em território boliviano podem ser comprometidos. Segundo ele, os investimentos em produção de gás natural, entretanto, continarão fluindo, uma vez que existe a necessidade de importação do produto. Atualmente, o Brasil importa 24 milhões de metros cúbicos de gás por dia da Bolívia, cerca de 50% de seu cosnumo. "Mas vamos ser muito rigorosos na escolha de investimentos adicionais", disse.
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