Série de acidentes em refinarias preocupa ANP

A Petrobras registrou acidente em mais refinaria, a quarta com ocorrência em duas semanas. Três funcionários ficaram feridos em dois casos separados na refinaria Landulfo Alves, na Bahia. Também houve feridos em incidentes recentes nas refinarias Getúlio Vargas (Repar, em Araucária), na Reman (Manaus) e na Reduc (Rio).

A sucessão de casos chamou a atenção da Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP). Desde o ano passado o regulador trabalha para implementar regras mais rígidas para manutenção em refinarias. Uma audiência pública foi realizada em julho de 2012 e a expectativa é de que a resolução esteja publicada até o final de janeiro de 2014, segundo a ANP.

Leia mais

CARREGANDO :)

Acidente em refinaria na Bahia deixa três feridos

Três funcionários da Refinaria Landulfo Alves (Rlam), na Bahia, ficaram feridos nesta quinta-feira (12), após dois acidentes na unidade U-6, de craqueamento catalítico. Segundo denúncia do Sindicado dos Petroleiros da Bahia (Sindpetro-Ba), a unidade passava por uma parada de manutenção quando fagulhas provocadas pela retirada de resíduos provocou um incêndio de médias proporções na unidade.

Leia mais

Ministério do Trabalho libera unidade atingida pelo incêndio

Por parte da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego (SRT), os trabalhadores da Repar já estariam aptos a voltar aos trabalhos na Unidade de Destilação Atmosférica U2100, atingida por um incêndio dia 29 de novembro. A liberação teria acontecido na última segunda (9).

Segundo informou o auditor fiscal do trabalho responsável pela vistoria no local, Enio Bezerra Soares, o impedimento detectado pelo órgão já foi corrigido pela empresa. "O que motivou a interdição, e não sei se houve fatos depois disso, foi regularizado com reforço estrutural", disse.

Publicidade

Em assembleias realizadas em sessões diferentes desde esta quinta-feira (12), petroleiros da Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), em Araucária na Região Metropolitana de Curitiba (RMC), aceitaram a proposta de greve levantada pelo sindicato da categoria (Sindipetro-PR/SC), mas decidiram que não vão parar os serviços imediatamente. A classe decidiu usar a aprovação da paralisação como uma "carta na manga" até que se esgotem todas as tentativas de negociação com a empresa. Nesta sexta-feira (13) a Agência Nacional de Petróleo (ANP) informou que a refinaria voltará a operar com dois terços da carga usualmente processada. O órgão regulador não especificou, no entanto, quando seria essa retomada.

No fim de novembro, a Unidade de Destilação U-2100 da refinaria teve o funcionamento paralisado em consequência do acidente seguido de incêndio ocorrido no dia 28 de novembro. Desde então, a produção na refinaria, conforme informações do sindicato, é normal apenas no setor de tancagem da refinaria, onde é estocado parte da gasolina e do diesel. A Repar tem sido abastecida com combustíveis trazidos através de Paranaguá e São Francisco do Sul (SC).

De acordo com o Sindipetro-PR/SC, praticamente nenhuma das propostas feitas pela empresa – que envolvem principalmente questões de saúde e segurança – foi aceita pela Repar. Um dos únicos avanços na negociação teria sido o comprometimento em criar uma comissão de segurança, com a participação do sindicato, para acompanhar a manutenção da unidade danificada. No entanto, a entidade informou que o documento que tornará oficial os trabalhos do grupo deveria ter sido assinado nesta sexta, mas, até às 16h30, a Repar ainda não tinha assinado os papéis necessários. "Não foi feita mais nenhuma proposta e o que temos é insuficiente", declarou o diretor do sindicato Anselmo Ruoso.

Segundo ele, além da implantação desta comissão, os trabalhadores também pedem a contratação de 400 novos funcionários para reforçar a segurança dos trabalhos; a formação de uma brigada de emergência formada exclusivamente por bombeiros [hoje, parte da brigada é formada funcionários da empresa]; melhorias no sistema de monitoramento biológico dos trabalhadores, expostos ao composto hidrocarboneto; e melhoria nos laboratórios de análises.

Publicidade

Até que as exigências sejam cumpridas pela refinaria ou que os trabalhadores decidam de vez parar os serviços, os funcionários de todas as sessões da empresa estão entrando para suas jornadas de trabalho com atraso de uma hora.

A reportagem entrou em contato com a Repar no fim desta tarde para ouvir o que a empresa tem a dizer a respeito da situação, e aguarda retorno.

Volta aos trabalhos

Inicialmente, a Repar vai operar com dois terços da carga usualmente processada quando retomar a produção, afirmou uma autoridade do órgão regulador brasileiro. A produção plena da refinaria da Petrobras não poderá ser atingida logo porque uma das colunas da unidade de destilação está danificada, bem como o condensador, equipamento que faz o resfriamento nesta etapa do refino, afirmou o diretor da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), Waldyr Martins Barroso.

A previsão da Petrobras é retomar as atividades na refinaria no dia 17 de dezembro a plena carga. "A situação de abastecimento está sob controle. O que estamos acompanhando é a obra na refinaria", afirmou à Reuters Barroso, que é responsável pela área de refino da agência.

Publicidade

Para a ANP, a causa do acidente já foi identificada: o uso de um tipo de aço inadequado, mais fraco para uma suportar as elevadas temperaturas de uma refinaria.

A Petrobras está importando mais derivados para dar conta de substituir a produção da refinaria, que responde por cerca de 10% do abastecimento do país. Procurada, a Petrobras não comentou imediatamente as informações da ANP e a reportagem aguarda retorno da empresa.