A economia brasileira cresceu mais em 2011 do que foi inicialmente calculado. O Produto Interno Bruto (PIB, total da renda gerada num país) aumentou 3,9%, e não os 2,7% estimados antes, informou nesta quarta-feira (11) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), após atualizar sua metodologia de cálculo, aderindo ao padrão internacional mais recente.
Apesar da expectativa pela revisão metodológica, que poderia melhorar significativamente a variação ano a ano, a mudança foi maior em termos de valores correntes do que nas taxas de crescimento. A alta em 2010 foi ajustada de 7,5% para 7,6%. Na média anual, a diferença também é pequena: o crescimento de 2000 a 2011 saiu de 3,5% para 3,7% ao ano.
Economistas evitaram refazer projeções, mas confirmam a probabilidade maior de que a economia tenha ficado estagnada em 2014 e fadada à recessão este ano – o número definitivo será divulgado no próximo dia 27, já sob a nova metodologia.
“Na média, a variação foi bem pequena e ficou concentrada em 2011”, disse Rafael Bacciotti, economista da Tendências Consultoria. Segundo Rebeca Palis, coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, o dado de 2011 sofreu uma alteração mais forte porque não havia sofrido nenhuma revisão anterior e foi calculado apenas com os números preliminares do PIB trimestral, ao contrário dos anos anteriores.
A percepção é que a mudança no cálculo terá menos impacto em termos de variação do PIB nos anos recentes e mais implicações nas contas públicas. O PIB de 2011 em valores correntes foi revisado de R$ 4,143 trilhões para R$ 4,375 trilhões. Já o PIB de 2010 foi revisto de R$ 3,770 trilhões para 3,887 trilhões. Em média, com a revisão, os valores correntes do PIB de 2000 a 2011 ficaram 2,1% acima dos valores da série antiga.
Como o tamanho da economia cresceu em valores absolutos, mudam também indicadores baseados no PIB, como a proporção da dívida pública e o superávit primário das contas do governo. “Se de um lado [o aumento no PIB em valores correntes] ajuda a percepção sobre a relação entre dívida e PIB, que fica menor, por outro lado torna um desafio maior atingir a meta de superávit primário”, disse André Perfeito, economista-chefe da corretora Gradual. A LCA Consultores calcula que a meta fiscal estabelecida em 1,2% do PIB para 2015, que hoje corresponde a R$ 66,3 bilhões, deverá passar a pouco mais de R$ 70 bilhões.
Investimento maior
O investimento foi o principal segmento a turbinar o PIB. Com a inclusão de mais itens considerados como investimento, (entre eles, pesquisa e desenvolvimento e prospecção mineral) a taxa de investimento (proporção dessa categoria em relação ao valor do PIB) mudou. Em 2011, passou de 19,3% do PIB na série original para 20,6% na revisada. O porcentual de 2010 mudou de 16,5% para também 20,6% em 2010.