A economia brasileira cresceu em agosto, ainda que de forma mais modesta do que em julho, segundo estimativas do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV). Diante de resultados positivos da indústria, o Produto Interno Bruto (PIB) subiu 0,79% no período, já descontados os efeitos sazonais. Apesar disso, a atividade segue apresentando dois trimestres seguidos de contração - o que caracteriza uma "recessão técnica".
A estimativa consta do estudo Monitor do PIB, cujo objetivo é antecipar o resultado do indicador mais importante da economia. Os dados mostram que a atividade recuou 0,64% nos três meses até agosto, após queda de 0,37% nos três meses até maio, sempre em relação ao trimestre imediatamente anterior. "A economia está caminhando neste ano para a estagnação. Os números todos estão em declínio", disse Claudio Considera, pesquisador associado do Ibre/FGV, responsável pelo Monitor e que já esteve à frente da Coordenação de Contas Nacionais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), responsável pelo cálculo oficial do PIB. Segundo ele, a metodologia e as fontes de dados são as mesmas empregadas pelo IBGE.
Pontualmente no mês, o crescimento desacelerou em relação a julho, quando o PIB havia avançado 1,56% sobre junho, mês prejudicado pela Copa do Mundo. Em agosto, apenas a indústria permaneceu no positivo, com alta de 1,58% ante julho, sustentada principalmente pela construção e pelo setor extrativo mineral. Nos serviços, a renda gerada foi 0,38% menor, por causa da retração no comércio. A atividade agropecuária, por sua vez, encolheu 0,39% em agosto.
Já no trimestre até agosto em relação aos três meses anteriores, a queda foi determinada por um recuo de 1,38% no valor adicionado da indústria, diante do desempenho ruim dos setores de transformação e de construção, e por redução de 0,40% no PIB de serviços, por conta do menor dinamismo do comércio. O PIB agropecuário, neste intervalo, ainda exibe uma alta de 0,97%.
Anual
Na comparação anual, o resultado de agosto indica que, pela primeira vez desde 2009 - quando o país ainda se recuperava da crise econômica mundial -, há uma sequência de dois trimestres em queda. De acordo com o Monitor, a atividade econômica recuou 0,5% nos três meses até agosto, após baixa de 0,2% nos três meses até maio, sempre em relação a igual período de 2013. "Isso se deve aos serviços. Os serviços resistiram durante um bom tempo e de fato acabavam sendo um colchão para a queda na indústria. Mas, agora, não estão segurando mais", disse Considera.
Em 12 meses, a economia segue em desaceleração, com crescimento de apenas 1,1% até agosto. A taxa vem diminuindo desde o início do ano. Para as estimativas, o Ibre/FGV compilou os dados já divulgados até o momento, correspondentes a 69% das informações de agosto utilizadas no Monitor. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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