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Polêmica das franquias dá força a operadoras locais no mercado de internet fixa

 | Antonio Costa/Gazeta do Povo/Arquivo
(Foto: Antonio Costa/Gazeta do Povo/Arquivo)

A polêmica sobre a adoção de franquias na internet fixa colocou as grandes companhias do setor numa saia justa com os usuários e entidades de proteção ao consumidor. Por outro lado, também surgiu como uma oportunidade para as pequenas operadoras “roubarem” clientes insatisfeitos ao se posicionarem contra a possível mudança – caso das paranaenses Copel Telecom e Sercomtel, que têm conseguido aumentar a base de consumidores em um mercado na mão de poucos.

Hoje, segundo dados da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), Vivo, Claro/NET e Oi concentram, juntas, 85% dos acessos de banda larga fixa – estas são justamente as empresas que já defenderam, em algum momento, o uso de franquias. A grande concentração no setor deixa pouco espaço para as demais operadoras, mas também permite o foco em produtos de maior valor agregado e voltado ao público das classes A e B. O plano básico da Copel Telecom, por exemplo, tem velocidade a partir de 50 Mbps (megabits por segundo), enquanto a Sercomtel chega a oferecer até 200 Mbps em seu plano mais caro. A estratégia, não à toa, foi a mesma adotada na década passada pela também paranaense GVT, que acabou sendo comprada pela Vivo.

Para o sócio-diretor da consultoria NextComm, Luiz Santin, a atuação geográfica mais restrita das operadoras locais acaba favorecendo as pequenas, que não sofrem o ônus de gerenciar uma base gigantes de clientes e fazer investimentos bilionários para manter o serviço – por outro lado, potenciais consumidores encontram dificuldade para contratar de maneira imediata a internet. “A Copel e a Sercomtel têm um mercado bem pequeno, mas muito devido à capacidade de cobertura também. A Copel tem uma fila de espera grande, que pode chegar a mais de um mês. E como não conseguem ainda atender em grande escala, não se tornam concorrentes para as grandes”, avalia.

Na discussão sobre as franquias de internet, outro ponto conta a favor das operadoras locais: ao contrário das líderes de mercado, elas não oferecem TV por assinatura, justamente um dos serviços que tem sido canibalizado por plataformas de streaming de vídeo, que monopolizam o tráfego de dados. O presidente da Sercomtel, Guilherme Casado, reforça, porém, que o principal motivo da empresa ser contra a mudança provém do fato de ela ser uma autarquia pública – a companhia tem como acionista majoritária a prefeitura de Londrina. “A neutralidade da rede, prevista no Marco Civil da Internet, pressupõe que não se deve limitar a oferta da internet a seus usuários. E, muito embora tenhamos um enfoque em resultados financeiros, existe uma preocupação muito maior com o assinante, porque uma empresa pública tem que ter seu principal foco na qualidade do serviço”, defende.

O presidente da Copel Telecom, Adir Hannouche, reforça o coro contra as franquias também como estratégia de negócio. “Entendemos que a nossa empresa pode ter esse diferencial competitivo de não limitar a tecnologia. Nossa infraestrutura não está colapsada e não precisamos de franquias. Se optássemos por colocar em algum produto específico, não estaríamos sendo coerentes”, afirma.

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