A polícia vai investigar a possível participação de outras pessoas, além do empresário Thales Emanuelle Maioline, numa das maiores fraudes financeiras registradas em Minas Gerais. Hoje, no segundo dia de depoimento, o proprietário da empresa Firv Consultoria e Administração de Recursos Financeiros assumiu sozinho a responsabilidade por aliciar cerca de 2 mil investidores e elaborar todos os investimentos e contabilidade que resultaram num prejuízo que, de acordo com as investigações, pode chegar a R$ 86 milhões.
O delegado que investiga o caso, Anselmo Rezende Gusmão, no entanto, afirma não acreditar que Maioline montou todo o esquema sozinho. "Ele (Maioline) disse que cuidou de toda a parte jurídica, contábil e financeira sozinho. Com certeza, é uma pessoa super inteligente. Mas só tem segundo grau. Como foi montado o esquema, sozinho ele não dava conta de fazer", afirmou. "Isso é uma arapuca muito bem orquestrada. Estamos buscando outras pessoas que estavam por trás dele", disse o delegado.
A irmã do empresário, Iany Márcia Maioline, e o administrador Oséias Marques Ventura, aparecem como sócios na Firv e são apontados como contatos pelas vítimas. Os dois chegaram a ser ameaçados de morte por investidores que foram prejudicados pelo esquema, considerado pela polícia uma típica pirâmide financeira apesar de Maioline negar o fato e alegar que o problema foi uma série de prejuízos nas aplicações. Durante o tempo em que Maioline ficou foragido, os dois sempre negaram saber seu paradeiro, assim como o que se passava na contabilidade da empresa. Depois de serem ameaçados pelas vítimas, eles teriam deixado a capital mineira. A reportagem tentou conversar com os dois, mas eles não foram encontrados.
Maioline negou que Iany e Ventura soubessem do prejuízo e disse que, assim como os outros investidores, eles também foram vítimas da quebra da empresa. Justificou, inclusive, que voltou para Belo Horizonte para responder pelo caso por medo do que pudesse ocorrer com a irmã e o amigo de muitos anos.
O empresário teve a prisão decretada em agosto, mas só se apresentou à polícia no último domingo, depois de passar mais de quatro meses foragido na Bolívia. O depoimento do suspeito, iniciado ontem, será retomado amanhã e a previsão de Gusmão é que Maioline só termine de ser ouvido na quinta-feira. É a data em que se encerra o prazo da prisão temporária de cinco dias decretada pela Justiça mineira. Porém, o delegado não descarta a possibilidade de solicitar a prorrogação da medida, principalmente se o depoimento ainda não tiver sido concluído. "Precisamos esclarecer vários detalhes", afirmou.