O IBGE divulgou nesta terça-feira que o IPCA-15, considerado a prévia da inflação oficial, já acumula uma alta de 10,84% em 12 meses. Esse é um indicador que continua acelerando, o que eleva as dúvidas sobre o acerto na decisão do Banco Central, tomada em janeiro, de manter os juros estáveis em 14,25% ao ano.
A inflação não começou a cair por uma combinação de pressões, algumas com data para acabar. A primeira é que o índice no Brasil é bastante influenciado pela inflação passada, fenômeno chamado de indexação. Ela chega ao consumidor através do repasse de choques de preços que ocorreram ainda em 2015, como o da energia e dos combustíveis – o reajuste do transporte coletivo, por exemplo, é influenciado pela alta do diesel no ano passado.
Outro fator que mantém a inflação alta é a desvalorização do real que ocorreu durante o ano passado. Esse repasse ao consumidor é feito de forma paulatina, por isso ainda influencia os preços em 2016.
A inflação também vem sofrendo com uma oscilação elevada nos preços dos alimentos, resultado de uma combinação de clima instável e repasse de custos maiores dos produtores com energia e outros insumos.
A aposta do BC de que a inflação vai cair para perto da meta de 4,5% no ano que vem é otimista e se baseia em três fatores. O primeiro, é a tendência de variação menor do câmbio, que deixaria de ser uma fonte de alta. Além disso, o repasse via indexação vai perder fôlego ao longo dos próximos meses – algo que será reforçado por notícias favoráveis em alguns segmentos, como energia elétrica, no qual os preços podem até cair. Por último, a alta do desemprego tem efeito desinflacionário, porque os salários subirão menos do que a inflação. Isso alivia os custos das empresas, em especial no setor de serviços.
Os números muito ruins da inflação neste início de ano, no entanto, aumentam o risco de o prazo de convergência da inflação para a meta ir bem além de 2017, como quer o Banco Central.
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