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O consumidor encontra dificuldade para comprar à vista neste Natal. Ou melhor, pagar à vista um preço menor do que aquele que as lojas sugerem que ele pague a prazo. É sabido que o comércio embute juro no preço que oferece na venda parcelada, mas quando o cliente pergunta sobre o valor à vista, a resposta mais comum é 'o mesmo'. Quem está com o dinheiro no bolso, do 13º salário ou de economias, fica sem opção. A situação se repete em praticamente todas as capitais do país.

De 12 lojas visitadas em três shoppings da capital paulista nesta semana, apenas a metade oferecia descontos nas compras com dinheiro. Em algumas delas, o consumidor nem acaba sabendo que pode obter um desconto, já que quase sempre não há informações nas vitrines.

- Em geral, o procedimento é não dar desconto, mas o cliente pode negociar um preço melhor, de 5% a 10%, com a gerência. O preço mais baixo não vale para eletroeletrônicos e produtos promocionais - disse uma vendedora da Camicado no Morumbi Shopping, na zona sul da cidade.

Segundo ela, as compras são parceladas sem juros no cartão. É possível dividir em duas vezes as compras acima de R$ 100 e em três vezes os produtos acima de R$ 200. Acima de R$ 400 é possível pagar em cinco vezes na Camicado. Tudo pelo preço da etiqueta. Ou, como o comércio costuma dizer, 'sem juros'. Um vendedor da Fast Shop, no Market Place, também na zona sul de São Paulo, disse que os descontos nas compras à vista não são para todos os produtos.

- Damos desconto, mas depende muito da mercadoria. Produto tabelado não tem desconto. Na venda de celulares, retiramos os encargos pagos para a administradora do cartão de crédito e damos descontos de até 5% - disse o vendedor, que preferiu não se identificar.

Nem todas as lojas são claras na forma de pagamento. O Procon-SP visitou 1.509 lojas entre os dias 21 de novembro e 8 de dezembro e encontrou 191 tipos de irregularidades. A falta de informação sobre o preço à vista na vitrine ou a informação apenas do preço em parcelas, sem o correspondente para o pagamento à vista, fazem parte da lista. Há ainda outro problema, como restrição para recebimento de cheques - uns recusam cheques de contas recentes, outros só aceitam se o cliente estiver com o cartão do banco e outros impõem limites de valores para as compras.

- Não oferecemos descontos nas compras à vista, mas o cliente pode parcelar no cartão em duas vezes nas compras acima de R$ 50, três vezes acima de R$ 75 e quatro vezes acima de R$ R$ 100. Tudo sem juro - disse o gerente da PB Kids no Morumbi Shopping.

Também não há desconto para quem quer pagar à vista na Luigi Bertolli do Morumbi Shopping e na loja da Vivo do Market Place. Segundo uma atendente da Vivo, os celulares, no entanto, podem ser pagos em 10 vezes sem juros no cartão. Na Luigi Bertolli, qualquer peça pode ser paga em 5 vezes sem juros, mas é preciso uma parcela mínima de R$ 30, tanto no cheque quanto no cartão.

- O próprio consumidor precisa parar para fazer uma conta. Se o cliente não for bom de cálculo pode ser induzido ao erro - disse Joung Won Kim, diretora de fiscalização do Procon.

As lojas autuadas pelo Procon respondem a um processo administrativo e, de acordo com o Código de Defesa do Consumidor, podem receber multas que variam de R$ 212,82 a R$ 3,192 milhões. O processo dura de seis meses a um ano.

A Arezzo e a Levi's do Shopping Light, no centro da cidade, não dão descontos nas compras à vista, apenas parcelam sem juros no cartão. Na Arezzo não há limite de compras para o parcelamento. Uma funcionária disse que a loja divide com a administradora o ônus do parcelamento. Segundo ela, no cartão é possível pagar em três vezes e, no cheque, em cinco vezes. Na Levi's, as compras acima de R$ 120 podem ser pagas em duas vezes. Acima de 150, o pagamento pode ser feito em três vezes. Nos dois casos, não são cobrados juros, de acordo com um responsável pela loja. Ou seja, quem paga à vista paga o mesmo preço.

- Nós damos desconto na promoção de Natal. É possível dar um desconto de 5%, ou melhor, de 10%, mas tem que falar com o gerente - disse Almeida, vendedor do Ponto Frio, no Morumbi Shopping.

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