O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reafirmou nesta quarta-feira, em entrevista coletiva a emissoras de rádio, que não fará aventuras na economia num ano eleitoral. Lula evitou dar detalhes sobre possíveis ajustes na política econômica, embora tenha assegurado que os juros cairão.
- A eleição não me fará tomar nenhuma medida que possa passar para os olhos de milhões e milhões de brasileiros que vamos fazer uma aventura por conta da eleição - disse o presidente aos jornalistas no Palácio do Planalto. - Na medida em que os juros caírem, vamos poder crescer mais. Na medida em que vamos crescer mais, vamos poder ter um superávit menor, mas essas coisas não serão decididas em função de um ano eleitoral - complementou.
Perguntado mais uma vez sobre os ajustes na economia, após a queda do Produto Interno Bruto (PIB, a soma das riquezas do país) no trimestre, ele respondeu:
- O ajuste vai se dando.
Na tarde de terça-feira, o presidente dissera que haverá ajustes, mas não disse quando nem quais mudanças serão feitas. Lula fora abordado por repórteres ao fim de uma solenidade no Planalto. Perguntado se haveria ajustes na política econômica, o presidente afirmou:
- Vai, vai.
Diante da insistência dos jornalistas sobre se haverá realmente alguma mudança, o presidente respondeu:
- Tudo vai acontecer.
À noite, a assessoria do Palácio do Planalto disse que o sentido da declaração dada por Lula é o de que "a economia vai se ajustar no quarto trimestre e vai voltar a crescer".
Já nesta quarta-feira, na entrevista coletiva aos radialistas, o presidente voltou a defender a política econômica, que segundo ele tem dados bons resultados, embora o país não esteja crescendo aos níveis que ele gostaria:
- Você não pensa que o Palocci quer juros mais baixos? É lógico que quer. Você não pensa que o Meirelles quer juros mais baixos? É lógico que quer. Você não pensa que eu quero? Eu quero. Agora, veja, pode-se fazer uma loucura, um rompante e falar 'não, vou passar os juros para tanto' e no mês seguinte aumenta a inflação e aí nós vamos dizer 'por que aumentou a inflação? - respondeu o presidente.
Sobre mudanças na condução da política econômica, voltou a recorrer a uma associação com o futebol:
- É mais fácil as pessoas dizerem, que nem time de futebol, que não está bem, então troca o técnico. Acho que temos que acertar com as pessoas que têm competência para acertar - disse Lula.Ao ser indagado sobre as pressões de aliados pedindo mudanças na política econômica do governo, ele respondeu:
- Não existe a palavra fogo amigo. No dia que você tomar uma queimada, você vai perceber que não há fogo amigo, mesmo que seja a sua esposa que te queime, você vai sentir a dor.
Ainda sobre as divergências internas, o presidente afirmou que "nenhum ministro pode pensar uma coisa e sair falando antes daquilo se transformar em política de governo".
- Eu chamei a atenção do ministro Paulo Bernardo (do Planejamento, Orçamento e Gestão), quando ele falou de uma política de ajuste fiscal de longo prazo antes de se transformar em política de governo.
O presidente acrescentou que internamente todos os ministros têm o direito de dizer o que bem entender.
- Quando eu estava no sindicato em São Bernardo, eu muitas vezes trancava a sala e falava, vocês querem brigar, briguem aqui dentro. A hora que abrir a porta têm que ter um único pensamento, uma única voz - disse Lula, ao acrescentar que "vocês (a imprensa) estão divulgando coisas que nós mesmos falamos e falamos equivocadamente.