Enquanto no mundo os pais pararam de aconselhar seus filhos profissionalmente muito cedo, no Brasil eles estão muito presentes nas decisões sobre a carreira. É o que revela estudo global do LinkedIn, maior rede profissional do mundo, realizada com mais de 20 mil pessoas, sendo 1.011 no país.
A pesquisa mostra que 94% dos pais brasileiros dão conselhos profissionais aos filhos, 92% aconselham sobre quais empregos escolher e 89% dizem a universidade que gostariam que seus filhos estudassem.
INFOGRÁFICO: Confira mais detalhes da pesquisa feita pelo LinkedIn
Já no mundo, o cenário é um pouco diferente. O estudo revelou que 69% dos pais pararam de aconselhar seus filhos assim que eles conseguiram o primeiro emprego e que 64% dos filhos querem mais conselhos dos pais em determinadas situações do mundo corporativo.
Na opinião da especialista em carreira da Fundação Estudar, Anamaíra Spaggiari, os pais realmente interferem bastante na carreira de universitários e recém-formados brasileiros. Algumas intervenções são positivas, outras nem tanto.
Ela explica que muitos jovens acabam escolhendo a profissão baseado na pressão e influência da família, principalmente no caso de carreiras tradicionais, como direito e engenharia. Para alguns, as expectativas dos pais atrapalham os filhos a seguirem seus sonhos.
Na visão dos profissionais brasileiros, segundo a pesquisa, 51% acreditam que os pais interferem na medida certa, 35% dizem que há exageros e 14% acreditam que os comentários estão modestos. Para a Anamaíra, os pais que mais contribuem são aqueles que ajudam a entender como funciona o mercado de trabalho e que colocam o jovem em contato com profissionais experientes.
Conselhos
O estudo revela também que os pais têm conselhos a dar, mas por diversos fatores preferem não opinar. No Brasil, 76% dizem que geralmente têm sugestões a oferecer sobre a carreira de seus filhos enquanto o número mundial é de 45%.
Os brasileiros omitem opinião porque acreditam que seus filhos ficariam irritados ou ofendidos (27%), acham que seus filhos são mais inteligentes (27%) e consideram que eles devem tomar decisões próprias quando ficam adultos (47%).
A CEO da Love Mondays, Luciana Caletti, diz que as empresas estão atentas à relação pais, filhos e trabalho. Há programas de trainee que estão convocando os pais a participarem das fases finais, pois perceberam que os responsáveis influenciam na tomada de decisão dos jovens. “É uma estratégia que busca trazer os pais para perto”, diz.
Ela acrescenta que geração millennials é a que mais tem acesso à informação e que, por isso, conta com vários canais para procurar ajuda quando se defronta com problemas no ambiente do trabalho. Já as gerações anteriores confiavam 100% nas informações dos responsáveis ou aprendiam na base da tentativa e do erro.