Num discurso em que citou a crise política várias vezes, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva garantiu nesta terça-feira, na capital do Mato Grosso - onde esteve para inaugurar uma linha de transmissão de energia da Eletronorte - que não vai fazer mudanças na política econômica.
- Tem crise, tem. Mas vamos tirar proveito dessa crise para que o país saia dela mais fortalecido. Pela primeira vez existe a perspectiva do país crescer de forma sustentada com inflação baixa. E não jogarei fora essa oportunidade por nada neste mundo. Mudar a economia agora seria prejudicar os mais pobres - disse Lula, em discurso em Coxipó, às margens da rodovia Cuiabá-Rondonópolis, na região metropolitana de Cuiabá.
A ala mais à esquerda do PT, poderosas entidades empresariais - como a Confederação Nacional da Indústria (CNI) e a Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp) - as principais centrais sindicais e o Movimento dos Sem Terra (MST) são alguns dos setores que estão pressionando o governo a mudar a política econômica, pregando principalmente a redução das taxas de juros.
Em seu discurso, o presidente defendeu com veemência o ministro da Fazenda Antonio Palocci. Segundo Lula, tanto ele como o ministro e o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, gostariam de baixar os juros de uma forma mais rápida, mas isso ainda não é possível.
- Muitos me procuram e dizem: por que não baixar os juros em 4% ou 5% de uma vez só? Quando o Senado aumentou o salário-mínimo para R$ 383, me falaram, por que você não deixa esse salário mínimo? Ora, não podemos perder a oportunidade de ter um crescimento da economia com estabilidade. Os senadores que aprovaram o mínimo em R$ 383 sabem que as prefeituras não teriam dinheiro para pagar esse mínimo - disse Lula.
O presidente garantiu, ainda, que as investigações sobre a corrupção no governo não vão parar e defendeu o ritmo de investigações da Polícia Federal.
- Quando a investigação é bem feita, ela demora um pouco mais. Tem gente que faz só circo com investigação e não apura nada. Por mais séria que seja a crise política que estamos vivendo, o povo saberá debelá-la. Não haverá retrocessos - garantiu Lula.
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