A Positivo Informática começou o ano vivendo uma situação inédita e, ao mesmo tempo, ambígua: pela primeira vez em um trimestre, vendeu mais celulares do que computadores, em uma mostra da transição pela qual a empresa paranaense tem passado. A inversão é resultado de um cenário de retração nacional no mercado de PCs –considerado o negócio “tradicional” da companhia –, aliado a um bom desempenho em smartphones, com as vendas desses produtos aumentando 150% nos três primeiros meses do ano.
Com isso, o market-share da Positivo em celulares no país passou de 1,4% no fim de 2014 para 4,3% no primeiro trimestre de 2016. Em teleconferência com investidores após a divulgação do balanço, neste mês, o presidente da empresa, Hélio Rotenberg, afirmou que a empresa é hoje a quinta marca de celulares mais vendida no Brasil (a fonte da informação não foi divulgada). Apesar de não separar as vendas por dispositivo, a empresa reconhece que o resultado é fruto – em grande parte – da chegada da nova linha de smartphones da Quantum, em setembro do ano passado, que traz aparelhos mais refinados e de melhor desempenho.
“A receptividade à marca Quantum foi muito melhor do que poderíamos prever. Com a complementaridade dos portfólios de Positivo e Quantum, vemos potencial para continuar ganhando espaço no mercado e estamos trabalhando fortemente para isso. Ao continuar ganhando escala, vamos nos tornando ainda mais competitivos, o que é o nosso principal foco hoje”, afirma o vice-presidente de Mobilidade da Positivo Informática, Norberto Maraschin Filho.
A Quantum funciona como uma unidade de negócios independente dentro da Positivo, com autonomia e equipe própria, liderada pelos sócios Thiago Miashiro, Marcelo Reis e Vinícius Grein. Os smartphones da marca são vendidos a partir de R$ 899, patamar bem acima de outros feature phones (aparelhos mais básicos) vendidos pela Positivo, que podem ser encontrados por menos de R$ 500. A boa receptividade aos novos smartphones ajudou a Positivo a bater o recorde de faturamento com celulares no primeiro trimestre deste ano – os aparelhos trouxeram uma receita líquida de R$ 75 milhões e já respondem por 20% da receita total com hardware, fatia que também é inédita na história da empresa.
O resultado trouxe a reboque mudanças no modelo de negócios da Quantum. Antes vendidos exclusivamente pela internet, os aparelhos passaram a ser comercializados nos últimos meses em quiosques da marca e lojas físicas da rede Riachuelo. “Neste momento, a palavra de ordem é expansão, tanto do portfólio como também dos canais de venda, adicionando novas redes de varejo e operadoras”, resume o diretor de negócios da Quantum, Thiago Miashiro.
Aposta
Não à toa, a Positivo não esconde a importância da aposta em celulares para equilibrar sua saúde financeira, que ainda sofre os efeitos da retração no mercado de PCs (veja infográfico). No balanço do primeiro trimestre, a empresa paranaense reforça que segue concentrando esforços em sua “agenda de diversificação de receitas, recuperação de rentabilidade e aumento da geração de caixa”, o que é visto como “fundamental para o desenvolvimento sustentável de longo prazo dos negócios da companhia”.