Práticas de gestão e a privatização de setores estratégicos mudaram o cenário empresarial do Sul do país nos últimos 25 anos. É o que revela o ranking 2015 das 500 Maiores do Sul, elaborado pela revista Amanhã em parceria com a consultoria PwC. Tanto no Rio Grande do Sul, onde o levantamento foi iniciado em 1990, como no Paraná e em Santa Catarina, cuja listagem começou cinco anos depois, a presença de estatais nos setores financeiro, elétrico e telecomunicações nas 25 maiores empresas da região era a característica mais marcante.
Na relação deste ano, divulgada nesta quinta-feira (15), em Curitiba, poucas resistiram às mudanças do mercado e às transformações econômicas. No Paraná, apenas seis aparecem nas duas listagens: Copel, Sanepar, Klabin, Coamo, Cocamar e Copacol. As que resistiram às mudanças da economia, hoje mais dinâmica, competitiva e globalizada, também são o retrato dos segmentos dominantes na região, especialmente no Paraná. A Copel e suas controladas mantêm a liderança há 20 anos e confirmam o bom desempenho do setor de energia, comum em todos os estados. O agronegócio, representado pelas cooperativas de produção, consolida sua relevância no crescimento do Paraná, com nove entre as 25 maiores empresas paranaenses em 2015.
A troca da presença maciça da administração estatal em áreas estratégicas – muitas vezes cara e pouco eficiente – pela participação da iniciativa privada deu um novo ritmo ao desenvolvimento econômico da região. Mais profissionalizadas, as empresas apostaram em práticas de gestão modernas, como a adoção da governança corporativa, influenciadas pela globalização das relações comerciais e a chegada de investimentos internacionais.
Mesmo o perfil familiar que predomina na formação das empresas líderes tem se transformado diante da maior preocupação com o preparo de sucessores e estruturas mais organizadas. Para o líder do escritório da PwC no Sul, Carlos Peres, a excelência e a eficiência na gestão garantem a sustentabilidade e a perenidade dos negócios. “Hoje há uma maior conscientização das empresas de que a transparência de informações é importante não só para os acionistas, mas também para a sociedade”, observa.
A transparência que aumenta a credibilidade nas organizações ajudou a alavancar um dos modelos de negócio com presença relevante entre as 500 Maiores do Sul. No segmento financeiro, os antigos bancos estatais deram lugar às cooperativas de crédito, que cresceram apoiadas na esteira do cooperativismo, relevante nos três estados. “São instituições que dão novo fôlego e suporte ao desenvolvimento dos negócios na região, já habituados com o sistema que aposta no envolvimento de inúmeros sócios no empreendimento”, diz Peres.