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Crise árabe

Refinarias fecham na Líbia e petróleo sobe ainda mais

Refinaria de petróleo na Europa: estoque pode começar a ser usado | Benoit Tessier / Reuters
Refinaria de petróleo na Europa: estoque pode começar a ser usado (Foto: Benoit Tessier / Reuters)
Veja que Líbia é o primeiro produtor importante de petróleo a ter sua produção afetada |

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Veja que Líbia é o primeiro produtor importante de petróleo a ter sua produção afetada

Pelo menos 20% da exportação diária de petróleo da Líbia foi interrompida ontem com os conflitos no país, após cinco grandes multinacionais do setor anunciarem a suspensão da produção local. A revista Time, citando uma fonte ligada ao governo líbio, informava na noite de ontem que o ditador Muamar Kadafi ordenou a destruição dos oleodutos do país que seguem para o Mediterrâneo. Dois de quatro portos do país africano também foram fechados. O fornecimento de gás para a Itália foi totalmente interrompido.

A tensão geopolítica fez o preço do petróleo subir nos Estados Unidos, na reabertura dos mercados após o feriado de segunda-feira. O preço do barril West Texas Intermediate, de referência para o mercado americano, fechou em US$ 93,57, alta de 8,55% em relação a sexta-feira. O preço da cesta de 12 qualidades de petróleo bruto utilizado como referência pela Organização de Países Ex­­por­tadores de Petróleo (Opep) superou a barreira de US$ 100 pela primeira vez em dois anos e meio, alcançando os US$ 100,59, segundo um comunicado divulgado pelo cartel de petróleo. O barril Brent, negociado no mercado europeu e asiático, teve alta de apenas quatro centavos de dólar, fechando em US$ 105,78. As bolsas também caíram em todo o mundo. A Bovespa recuou 1,22%; a Bolsa de Nova York, 1,44%; e a de Milão, 1,06%.

Estoque

Em reunião em Riad, na Arábia Saudita, a Opep se apressou em tentar garantir ao mercado que a produção dos demais países seria aumentada para compensar os problemas na Líbia. Já a Agência Internacional de Energia (AIE) disse que colocaria à disposição suas reservas estratégicas, em caso de necessidade.

O diretor-executivo da agência, Nobuo Tanaka, alertou que uma crise política prolongada no Norte da África e a manutenção do preço do petróleo acima de US$ 100 podem jogar a economia global mais uma vez em uma recessão.

A mesma opinião foi defendida pelo executivo-chefe da Pacific Investment Management Co. (Pimco), Mohamed el-Erian, em artigo publicado pelo Financial Times, que disse que "devemos nos preparar para um choque no Oriente Médio". Segundo ele, a turbulência política na região deverá ter um "efeito sistêmico" na economia global, provocando um "vento estagflacionário" no curto prazo – uma combinação de estagnação econômica com alta dos preços.

Para el-Erian, o desempenho relativamente fraco do dólar durante esse período de crise é "uma advertência" de que a moeda americana poderá perder seu status de refúgio seguro. Isso indica que as pessoas estão começando a se preocupar com a situação fiscal dos EUA, disse.

"Tomo isso como advertência de que não podemos partir da premissa de que manteremos a posição de principal moeda de reserva, como no passado", disse El-Erian. Ele também afirmou que a alta dos preços do petróleo está reduzindo o poder de compra, enquanto os riscos geopolíticos elevados poderão ter impacto negativo nos investimentos em todo o planeta. O executivo-chefe da Pimco disse ainda que os mercados globais terão de conviver com preços mais altos de petróleo "por algum tempo".

Petrobras

Em Porto Alegre, o presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, descartou mudanças na política de preços dos combustíveis no Brasil. "Não vamos repassar para o mercado brasileiro a volatilidade do preço internacional", afirmou. Para justificar o raciocínio, Gabrielli lembrou que a produção mundial atual, de 86 milhões a 87 milhões de barris por dia, é pouco superior à demanda de 85 milhões a 86 milhões de barris. Gabrielli citou ainda a capacidade ociosa da Opep, de 4 milhões a 5 milhões de barris por dia.

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