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Resistência

Kadafi diz que lutará até morrer como mártir

Protesto contra Kadafi em Tobruk, cidade portuária do nordeste da Líbia que estaria sob o controle dos opositores ao governo | Asmaa Waguih/Reuters
Protesto contra Kadafi em Tobruk, cidade portuária do nordeste da Líbia que estaria sob o controle dos opositores ao governo (Foto: Asmaa Waguih/Reuters)
O ditador Muamar Kadafi discursa na televisão:

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O ditador Muamar Kadafi discursa na televisão:

Veja os cargos ocupados pelos filhos de Kadafi |

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Veja os cargos ocupados pelos filhos de Kadafi

Trípoli - O ditador líbio, Muamar Kadafi, afirmou ontem em discurso trans­­mitido pela tevê estatal que não deixará o poder e que se for preciso morrerá como "mártir’’, qua­­lificando rebeldes como "gente que se droga e se embebeda’’.

"Muamar Kadafi é o líder da revolução. Muamar não é presidente para renunciar. Muamar é o líder da revolução para sempre", disse ele, desde 1969 no po­­der.

O regime líbio, porém, voltou a dar sinais de implosão, com a renúncia do ministro do Interior, Abdul Fattah Younis, noticiada pela tevê Al Jazeera, e de novos representantes diplomáticos do país. Younis, ainda de acordo com a emissora árabe, conclamou o Exército a engrossar as fileiras da oposição.

Kadafi delegou poderes a al­­guns de seus filhos, que nos últimos anos têm assumido impor­­tan­tes postos no governo. Self Al-Islam, de 39 anos, seria o herdeiro político. (Veja box ao lado).

Relatos locais indicavam também que toda a região leste da Líbia, incluindo Benghazi – a segunda maior cidade do país –, está sob controle de rebeldes. A área é um tradicional bastião de opositores ao regime líbio.

Após uma semana de protestos antirregime, o número oficial de vítimas é de 300 – sendo 58 membros das forças de segurança. Porém fontes não oficiais estimam mais de 400 mortes, 300 das quais apenas em Ben­­­­­­ghazi.

Gaddafi proferiu seu discurso no final da tarde (horário local), sozinho na tribuna da residência oficial, alvo de bombardeios nor­­te-americanos de 1986 que ma­­taram uma de suas filhas.

A alguns metros do local, na Praça Verde, em Trípoli, um enor­­me monumento em formato de braço segurava um avião dos Estados Unidos em referência ao episódio, símbolo dos anos de hostilidades. "Ficarei aqui", de­­clarou Ka­­dafi, mais longevo mandatário da África, gesticulando nervosamente.

Em pouco mais de meia hora de discurso, prometeu "depurar casa por casa’’ do país atrás dos "ratos e mercenários’’ e exortou partidários a saírem em sua de­­fesa. "A partir de amanhã, pe­­guem suas crianças, saiam de casa, todos vocês que amam Ka­­dafi, vão às ruas, não tenham medo deles.’’

"Persigam-nos, prendam-nos, entreguem-nos às forças de segurança. Eles são poucos, são terroristas’’, disse. "Todos os crimes co­­metidos por eles [os manifestantes] são passíveis de punição por execução pela lei líbia.’’

E encerrou conclamando: "O tempo da vitória chegou. À frente, à frente, à frente. Revolução! Revolução!’’

Deserções

Desde segunda-feira, Kadafi en­­frenta uma onda de deserções no gabinete, nas Forças Armadas, na Chancelaria e na intrincada rede de tribos que constitui a base do regime mantido pelo ditador.

Na diplomacia, as deserções in­­­­cluem altos membros da delegação da ONU e embaixadores. Dois aviões de combate e dois he­­licópteros do governo aterrissaram na República de Malta com desertores do regime líbio.

Os protestos na Líbia, inspirados pelas revoltas que derrubaram os ditadores de Tunísia e Egito, têm sido marcados por violenta repressão, incluindo bombardeios aéreos contra civis.

Há relatos ainda da presença de mercenários contratados para atacar opositores. Segundo a re­­de de tevê árabe Al Jazeera, se­­riam sobretudo dos vizinhos Cha­­de e Sudão e da Somália.

A Liga Árabe suspendeu on­­tem a Líbia, que ocupa a presidência rotativa do bloco regional, devido à violência.

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