Rua Riachuelo tem 40% de seus imóveis desocupados| Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo

Urbanismo

UFPR planeja 1 km de cultura

A região central de Curitiba não deve mais ser a mesma, pelo menos no que depender de alguns projetos independentes que querem transformar a área em um espaço cultural.

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Projeto

Prefeitura quer centro "civilizado"

O projeto para as Ruas Riachuelo e São Francisco, segundo o administrador da Regional Matriz, Omar Akel, vai "domesticar" a região, diminuir as vagas de estacionamento e devolver o conceito de "centro histórico de cidade civilizada". Na Riachuelo os planos contemplam a reforma das calçadas seguindo o mesmo padrão do entorno do Paço Municipal, decoração e arejamento das esquinas para aumentar a segurança, nova sinalização de trânsito e turística, iluminação privilegiando as calçadas, além da retirada parcial do cabeamento dos postes – segundo o arquiteto do Ippuc Mauro Magnabosco, que coordena o projeto do Novo Centro, a fiação elétrica de alta e baixa tensão continuará exposta.

Já para a São Francisco, que é uma rua de baixo movimento, a proposta é alargar as calçadas, deixando-a com passagem para apenas um veículo e sem estacionamentos públicos. Com ornamentação e iluminação especial, a prefeitura deve passar a incentivar bares e restaurantes a colocar mesas nas calçadas. Também é previsto que, dessa forma, a rua se torne uma extensão da feira do Largo da Ordem. Novas câmeras de vigilância abrangendo as duas ruas também devem ser instaladas ainda este ano.

Outra ação esperada para os próximos meses é uma certa "moralização" da área, onde hoje há um cinema pornô e pontos de prostituição e de tráfico de drogas. Akel frisa que a parte de repressão e fiscalização é responsabilidade do governo estadual. "No entanto, a Secretaria Municipal de Defesa Social se comunica bem com o executivo estadual, e ações conjuntas estão sendo planejadas. Vamos começar a ver maior presença de policiamento na área e ações mais objetivas de fiscalização."

Uma das garantias de que as obras ocorrerão ainda neste ano, segundo Akel, é a proximidade das eleições de 2010, momento em que há restrições para novas obras. "O cronograma é agir e lançar todas as bases de transformação ainda em 2009", disse. Dentro desse plano, o edital de obras da rua São Francisco fica pra 2010, mas a previsão orçamentária deve ser aprovada na Câmara ainda em 2009. (AL)

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Todos os dias, 2 mil pessoas circulam por hora entre a Praça Tiradentes e o Centro Cívico em Curitiba. É um fluxo de gente que faz compras, vai a restaurantes e usa os serviços da região e que, em grande parte, evita passar pela Rua Riachuelo. Esse caminho, com 200 anos de história, ganhou má fama com seus imóveis vazios e fechados por tapumes, iluminação deficiente e a imagem de que é um ponto de prostituição e consumo de drogas.

Uma parceria entre a prefeitura de Curitiba, a Federação do Comércio do Paraná (Fecomércio) e o Sebrae pretende transformar essa fama. O projeto dará à Riachuelo e à Rua São Francisco novas calçadas, iluminação mais eficiente e incentivos para que os belos prédios históricos sejam reformados e ocupados por negócios como restaurantes e lojas. De cara nova, espera-se que essa parte do Centro de Curitiba ganhe vida e complemente a revitalização que já foi feita em áreas próximas, como o Paço Municipal.

A transformação também passará pelo trabalho de fazer com que os comerciantes da região entendam melhor os desejos dos consumidores e tirem proveito de um ponto revigorado pela intervenção paisagística. A tarefa, a cargo do Sebrae, levará tempo porque exige uma mudança cultural. A comerciante Regina Soares, da loja Semi-Novos, na esquina da Riachuelo com a Alfredo Bufren, recebeu a visita de uma consultora de moda da instituição e estranhou a linguagem. "Ela falou: tem que dar uma arrumada na vitrine e colocar moda retrô", conta. A palavra "retrô" era novidade, mas foi ficando mais clara à medida que a visitante deu exemplos, preparou um desfile e separou três pares de sapato do estilo, antes esquecidos entre tantos outros, que venderam rapidamente uma vez expostos na vitrine.

Ociosidade

A Rua Riachuelo já foi o principal trajeto norte-sul da cidade e foi importante trecho comercial, hospedando hotéis, comércio e serviços próximos ao antigo palácio do governo. No decorrer dos anos, o desenvolvimento da cidade migrou para outras regiões e a rua foi perdendo valor comercial, chegando nos anos 90 degradada. Um levantamento feito pelo Sebrae aponta que 40% dos imóveis do local estão desocupados.

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As obras que pretendem atrair novos investimentos e moradores para a Riachuelo devem começar na primeira metade de agosto – a prefeitura no momento está fazendo a licitação do projeto estimado em R$ 1,5 milhão. A prefeitura também estuda benefícios fiscais e tributários para atrair negócios interessantes ao projeto de revitalização da região.

Essa reforma pode ser entendida como a segunda etapa de um projeto maior, iniciado na restauração do antigo Paço Municipal, que deve se estender até a rua Barão do Serro Azul. "Já imaginávamos que o Paço seria importante para ajudar nos projetos de mudança e requalificação do uso daquela região. A parceria com a Fecomércio foi muito prática. Ela assumiu o Paço, e hoje já se percebe que o novo prédio trouxe melhorias para o comércio da área", diz o administrador da Regional Matriz de Curitiba, Omar Akel. "A partir daí, entrou fortemente o Sebrae, que montou um diagnóstico da região e elencou quatro principais eixos de vocações existentes e prioridades para desenvolvimento econômico", explica.

Shopping

Foi o Diagnóstico do Ambiente Econômico e Empresarial do Paço da Liberdade elaborado pelo Sebrae que identificou o enorme fluxo de pessoas que trafegam entre o marco zero da cidade em direção ao shopping Mueller. "Na Riachuelo, que fica imediatamente abaixo desse fluxo de pessoas, existe uma zona fria, sem movimentação de pedestres", diz a consultora de projetos de varejo do Sebrae, Walderes Bello, que coordenou o diagnóstico.

O projeto proposto pelo Sebrae usa o conceito de shopping a céu aberto, unindo serviço, entretenimento, alimentação e comércio, com a valorização do patrimônio arquitetônico de Curitiba. "Por isso estamos usando o conceito de espaço com todas as atratividades de um shopping, porém com muita história", justifica Bello.

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Um dos requisitos do projeto é dar um empurrão para a cooperação entre os empresários. O Sebrae iniciou um trabalho de longo prazo de capacitação e consultoria com os lojistas, que por sua vez têm se mostrado animados com a atenção que as ruas têm recebido. No último domingo vários deles mostraram isso participando do evento "Vitrines na Calçada", no qual a rua foi fechada ao trânsito e os produtos foram expostos nas calçadas. O evento atraiu aproximadamente 2 mil visitantes. "Estamos motivados a abrir novamente as portas em outros domingos para repetir essa experiência", afirmou Chaim Jader, vice-presidente da associação de moradores e lojistas da rua. Uma nova edição do evento já está programada para agosto.