As irmãs Natália e Carolina cancelaram a viagem para a Argentina por causa da gripe A no país vizinho| Foto: Aniele Nascimento/ Gazeta do Povo

Passagens aéreas estão mais baratas

O preço das passagens aéreas para destinos nacionais já caiu 29,19% ao longo deste ano, segundo os dados do Índice de Preços ao Consumidor – Semanal (IPC-S) da Fundação Getulio Vargas (FGV). Con­siderando o acumulado nos últimos 12 meses, até julho passado, a queda é de 24,22%. Mesmo em julho, período de férias e consequente aumento de demanda, os preços tiveram queda neste ano: 3,3%, na comparação com o mesmo mês do ano passado.

"Normalmente há um aumento entre 10% e 15% nos meses de férias escolares ou no período de grandes feriados. Mas este julho foi atípico", diz o economista da FGV, André Braz. "Sem dúvida há um impacto da baixa da demanda, por causa da gripe. A doença inibiu a procura por viagens e as pessoas acabaram optando por ficar em casa."

Segundo o economista, outros dois fatores estão contribuindo para puxar para baixo o preço das passagens aéreas: a queda no custo do querosene de aviação e a diminuição da demanda por conta da crise financeira. "As pessoas ficaram com receio de contrair despesas de médio prazo", diz.

Internacional

No caso das passagens internacionais, o que tem contribuído para a queda nos preços é a liberação dos descontos nos bilhetes, feita pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) no início do ano. No fim de julho, entrou em vigor a segunda etapa do processo, permitindo descontos de até 50%. "O desconto não é obrigatório, mas alguns preços caíram", diz o vice-presidente da Associação Brasileira de Agências de Viagem (Abav) no Paraná, Celso Tesser. "Você pode encontrar, por exemplo, tarifas de ida e volta de US$ 566 para Miami, nos Estados Unidos." (CS)

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Consumo

Viajante tem direito a reembolso

Franco Fuchs, especial para a Gazeta do Povo

Assim como aconteceu com Natália Sábio e suas amigas, o consumidor que se sentir ameaçado ao viajar para um país como a Argentina (que possui altos índices de contaminação e de letalidade pela gripe A) tem o direito de cancelar suas viagens e ser reembolsado integralmente. Desde que o pedido de cancelamento de passagens e pacotes turísticos seja feito com antecedência, para que companhias aéreas e operadoras possam oferecer esses serviços a outras pessoas.

Quem garante isso é a advogada Marta Favreto Paim, do Procon-PR. "O código de defesa do consumidor prevê em seu artigo sexto o direito básico de proteção da saúde e da vida do consumidor", afirma Marta. Segundo a advogada, a maioria das empresas não tem criado problemas aos clientes que querem desistir de viajar por causa da gripe. Nos casos em que o cancelamento de viagem não possui um "motivo de força maior" como a gripe ou se o consumidor quiser abortar a viagem na última hora, as empresas de viagem têm direito de reter um valor de até 10% no reembolso, afirma Fravreto.

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Dólar em queda, promoções e passagens aéreas mais baratas do que o normal para o período não foram suficientes para fazer do turismo uma exceção entre os vários setores afetados pela gripe A. Foi o temor em relação à doença que definiu o roteiro de viagens em julho e nos primeiros dias de agosto. E fez com que muitos passeios fossem cancelados – o que, ao que tudo indica, deve se repetir no próximo feriado, em setembro. O movimento em agências e hotéis caiu até 40% nas últimas semanas.

Em Curitiba, segundo estimativa da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH), o índice médio de ocupação dos empreendimentos caiu para menos de 30% em julho – a média histórica para este período é de até 45%. Mas as perdas aconteceram em todo o estado. "Este está sendo um dos piores anos para o turismo no Paraná, em boa parte por causa da histeria causada pela gripe", diz o superintendente da rede Mabu de Hotéis e Resorts, Alberto Asseis, lembrando que o setor já vinha sofrendo com a crise financeira. Entre eventos e hospedagens canceladas, o grupo – que tem empreendimentos em Curitiba e Foz do Iguaçu –, perdeu 40% dos negócios previstos para o período.

Na rede Bourbon, o faturamento caiu até 50% em julho e agosto – e foram justamente as unidades do Paraná (duas em Curitiba, uma em Londrina e outra em Cascavel) que mais sentiram o impacto. "Nos estados de Santa Catarina e Rio de Janeiro a queda não foi perceptível. E em São Paulo, ela foi bem menor do que no Paraná", diz o vice-presidente da rede, Alceu Vezozzo Filho. Das 11 unidades da bandeira no país, só passou ilesa à gripe a de Itibaia, no interior de São Paulo – o empreendimento recebeu 4,7 mil crianças em julho.

América do Sul

Com relação aos pacotes de viagens, a estimativa da Associação Brasileira das Agências de Viagem (Abav) no Paraná é de uma queda de até 40% no volume de pacotes confirmados. Segundo o vice-presidente da entidade, Celso Tesser, os destinos da América do Sul foram os mais afetados – por causa do frio e do grande número de casos confirmados da doença na região. Cerca de 50% dos pacotes para a Argentina que já haviam sido pagos foram cancelados. No caso do Chile, o índice de cancelamentos foi de até 30%.

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"Tivemos pelo menos três semanas de movimento muito fraco em julho. A queda nos negócios foi de cerca de 40%", diz o diretor comercial da MGM Operadora, Arnaldo Levandows­ki. Além da América do Sul, ele diz que também foram canceladas muitas viagens para o México e os Estados Unidos. "Esta semana o movimento começou a melhorar. Mas a procura é por destinos mais quentes." A preferência, diz o diretor, é por cidades do Norte e Nordeste do país.

A designer Natália Carvalho e a irmã Carolina estão entre os vários paranaenses que desistiram de visitar a Argentina por medo da gripe A. Junto com duas amigas, elas pretendiam passar o feriado de 7 de setembro em Buenos Aires. Há três semanas, já com tudo pago, mudaram os planos. "Com toda essa atmosfera de gripe na Argentina, achamos que não ia ter um clima muito bom para passear. Então resolvemos cancelar a viagem."

O único prejuízo, segundo Natália, foi com a reserva de hotel, que exigia uma taxa de U$ 20, não reembolsável. Na hora de pedir o reembolso das passagens, ela diz que a companhia aérea foi prestativa. "Eles só perguntaram se gostaríamos de trocar o destino para outro lugar. Mas como não tivemos interesse, nos reembolsaram 100%." Buenos Aires, dizem as meninas, vai ficar para o ano que vem. O destino do próximo feriado será um sítio perto de Curitiba, ou o litoral do estado.