O empresário Silvio Santos (em foto de 2011): esforço para transformar as filhas em “superexecutivas”| Foto: Divulgação/SBT

O Grupo Silvio Santos, que tem como carros-chefes o SBT e a rede de cosméticos Jequiti, contratou a consultoria americana McKinsey para reestruturar seu comando.

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Ao contrário do que as empresas familiares fizeram – afastando parentes e filhos ou elegendo um único sucessor –, Silvio Santos quer que a própria família esteja à frente do negócio. Com a contratação da consultoria, ele quer que as filhas se tornem “superexecutivas” capazes de, um dia, tocarem sozinhas o negócio – o SBT ou qualquer outra companhia.

Internamente, no entanto, o assunto virou um tabu. Ao mesmo tempo em que se discute maior autonomia das filhas dentro da empresa, as pessoas envolvidas buscam amenizar o processo. “Não tem essa de sucessão. Meu pai é insubstituível,” diz Cintia Abravanel, 52, a filha mais velha.

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Os funcionários sequer foram informados do processo. Só os executivos tomaram parte do trabalho de reestruturação junto com as filhas.

Comando

A consultoria começou a atuar nas últimas semanas e não há data para a conclusão. No final do processo, um conselho será montado para comandar o grupo. Hoje o comando está na mão do presidente, Guilherme Stoliar. Mas quem realmente dá as cartas é o apresentador.

O objetivo é que as decisões passem a ser mais descentralizadas, mas a palavra final ainda será do empresário.

Segundo Patricia Abravanel, 35 anos, quinta filha de Silvio, todas as irmãs estarão nesse conselho, que também terá três integrantes independentes. “Eles ainda não foram escolhidos”, relata. Silvio Santos continuará como “patrão” até quando quiser.

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“O grupo foi buscar a Mckinsey para implementar novo modelo de gestão descentralizado, no qual os acionistas se envolvem no processo de ‘a a z’, com conselheiros executivos e externos. A palavra final ainda é de Silvio Santos. Não é um processo de sucessão”, reforça Patricia.

Receita

As empresas do grupo Silvio Santos têm capital fechado e muitos balanços não foram publicados. Estima-se que a receita líquida do grupo foi de R$ 2,5 bilhões no ano passado.

A emissora SBT, segunda em audiência, faturou R$ 1 bilhão. A Jequiti registrou R$ 450 milhões em vendas, segunda fonte de receita. Existe ainda a Liderança Capitalização, responsável pela venda da Tele Sena, o hotel Jequitimar, no litoral paulista, empreendimentos imobiliários e outros negócios de menor porte.

Sucessora

Cinco das seis filhas de Silvio trabalham nas empresas do grupo. Especula-se que Renata, 29, a caçula que é vice-presidente do grupo, será a sucessora do pai. “Ela é um Golias e está pronta para tudo”, disse Íris Abravanel, mulher de Silvio, em entrevista em 2014.

Daniela Beyruti, 39, é diretora artística e de programação do SBT. Patricia Abravanel é apresentadora do “Máquina da Fama” mas já passou pela maioria das empresas da família. Rebeca Abravanel, 34, é uma das diretoras da Jequiti. Silvia Abravanel, 45, é diretora de programas infantis no canal.

Cintia Abravanel, 52, a primeira filha, tem uma produtora que administra a carreira de seu filho, o cantor e ator Tiago Abravanel, e produziu uma montagem teatral da novela “Carrossel” em 2014.

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Nova fase

A reestruturação também tem como objetivo evitar atropelos do passado, que quase levaram o grupo à quebra.

Em 2010, foi descoberta uma fraude no Banco PanAmericano, controlado pelo grupo Silvio Santos. Após intervenção do Banco Central, foi descoberto um rombo de R$ 4,3 bilhões.

Os executivos da instituição foram afastados e o banco vendido para o BTG Pactual. Para resolver as pendências, Silvio também se desfez do Baú da Felicidade.

Desde então, a Jequiti passou a ter mais importância e receber investimentos.