Na esteira do rebaixamento brasileiro, a Petrobras também perdeu o selo de bom pagador conferido pela agência de classificação de risco Standard & Poor’s. A informação foi divulgada no site da agência na tarde desta quarta-feira (10). A perda atingiu outras 30 empresas brasileiras e entidades de infraestrutura. Destas, 24 foram rebaixadas.
A avaliação da dívida da Petrobras, seja em moeda estrangeira ou nacional, caiu de BBB- para BB, com perspectiva negativa. A agência ainda não divulgou nota explicando as razões do rebaixamento.
É normal, porém, que os ratings corporativos acompanhem a mudança de perspectiva com relação à dívida soberana. Além da Petrobras, outras empresas tiveram a nota de crédito rebaixadas na tarde desta quarta.
Com a decisão da Standard & Poor’s, a Petrobras mantém o grau de investimento com apenas uma das três maiores agências globais. Para a Fitch, a dívida da estatal ainda é classificada como BBB-.
“A Petrobras já era concorrente a perder o grau de investimento, por ter ultrapassado seus limites de endividamento, mas as agências preferiram esperar. A situação da companhia, que já era ruim, vai ficar pior”, diz o analista independente Flávio Conde, do site Whatscall.
Ele lembra que a companhia já vem pagando, em suas captações este ano, taxas mais altas por conta das dúvidas com relação à sua situação financeira e das incertezas do país. “Quando for ao mercado novamente, em janeiro, certamente pagará mais caro”.
O rebaixamento da nota de crédito cria um obstáculo a mais para o processo de recuperação da Petrobras, que já enfrenta o cenário de baixos preços do petróleo e os impactos da alta do dólar em seu elevado endividamento.
“A companhia deve enfrentar desafios para financiar seus investimentos, dado o volume de dívida necessária para os próximos anos”, escreveram os analistas Luiz Carvalho e Filipe Gouveia, do HSBC, em relatório distribuído aos clientes esta manhã.
A Petrobras tem hoje uma dívida de cerca de US$ 140 bilhões que vem sendo pressionada pela desvalorização do real frente ao dólar. Do total de seus empréstimos, 73% estão atrelados à moeda norte-americana.
“Possíveis efeitos nas taxas de juros também podem ser negativos, especialmente para empresas altamente endividadas, como Petrobras e Braskem”, comentam os analistas Frank McGann e Vicente Falanga Neto, do Bank of America Merril Lynch.
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