Ao bancar boa parte do Minha Casa Minha Vida, o FGTS fechou 2015 com volume recorde de subsídios concedidos: R$ 10,5 bilhões, o maior da história. No ano passado, pela primeira vez, o fundo – formado com o depósito, pelas empresas, do equivalente a 8% do salário dos empregados – injetou dinheiro para pagar a construção de casas da faixa 1 do programa de habitação popular, que beneficia famílias com renda mensal de até R$ 1,8 mil. Só para esse grupo, foram repassados R$ 3,3 bilhões.
A utilização dos recursos do fundo no Minha Casa se restringia ao financiamento, com descontos e juros mais baixos, das moradias das faixas 2 e 3 do programa. Nesses casos, o Tesouro banca uma pequena parte dos subsídios.
A expectativa é que o volume de subsídios em 2016 seja ainda maior, tendo em vista que, neste ano, o FGTS vai repassar mais R$ 4,8 bilhões ao Minha Casa para bancar as construções da faixa 1.
Em 2015, o fundo teve lucro de R$ 13,3 bilhões, ligeiramente superior ao verificado no ano anterior (R$ 12,9 bilhões). O relatório de gestão do FGTS foi aprovado nesta quarta-feira (20) em reunião do conselho curador do FGTS. O órgão reúne representantes dos sindicatos e de associações patronais e indicados do governo.
Segundo os números divulgados pelo Ministério do Trabalho, R$ 65 bilhões foram destinados à habitação, o que representa 91% do orçado para a área. Os desembolsos em saneamento ficaram em R$ 2,5 bilhões, a metade do que foi programado, e os aportes em infraestrutura urbana se restringiram a apenas R$ 800 milhões, 9% do que foi aprovado para o segmento.
FI-FGTS
A bancada dos trabalhadores se recusou a aprovar o relatório do fundo de investimento que usa uma parte dos recursos do FGTS para aplicar em infraestrutura, o FI-FGTS. O fundo fechou 2015 com a menor rentabilidade da história, negativa de 3%, com perda de R$ 900 milhões no patrimônio.
Criado no governo Lula, o FI-FGTS entrou de vez na mira da Lava Jato após a delação premiada de Fábio Cleto, ex-vice-presidente da Caixa que participava do comitê que decide os aportes do fundo. Ligado ao ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha, Cleto apontou um esquema de corrupção para que as empresas conseguissem recursos do fundo.
O conselho curador do FGTS vai fazer uma consulta à área jurídica do Ministério do Trabalho sobre a necessidade de o relatório de gestão do FI-FGTS ser aprovado pelo órgão.
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