O presidente da Fiep, Edson Campagnolo, e o ministro Antônio Carlos Rodrigues, durante reunião de apresentação do estudo| Foto: Gelson Bampi/Fiep

Pela primeira vez oficialmente, o governo federal apresentou um traçado da Ferrovia Norte-Sul cruzando o estado do Paraná até Chapecó, em Santa Catarina. O Estudo de Viabilidade Técnica, Econômica e Ambiental (EVTEA) foi apresentado pelo ministro dos Transportes, Antônio Carlos Rodrigues, nesta sexta-feira (21), em evento no Campus da Indústria da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep).

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O traçado proposto pela Valec, empresa estatal vinculada ao Ministério dos Transportes e responsável pelas ferrovias, vem de Panorama, no estado de São Paulo, e entra no Paraná por Maringá, passando por Campo Mourão, Cascavel e Pato Branco até chegar a Chapecó.

INFOGRÁFICO: conheça o trajeto proposto pela Valec

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“Nós vamos lançar o estudo da Proposta de Manifestação de Interesse (PMI) e ver quem tem interesse na concessão. Nós precisamos primeiro ter interessados para então soltar o PMI e definir o traçado”, afirmou Rodrigues. Questionado se o lançamento da proposta deve ocorrer ainda no segundo semestre, o ministro respondeu que “possivelmente”.

O investimento no trecho que cruza o Paraná deve ser de pouco mais de R$ 12,3 bilhões, de acordo com o estudo preliminar. A expectativa é que a obra da ferrovia gere cerca de 348 mil empregos e R$ 252 milhões em renda, mas sua viabilidade de construção e operação depende de parceria com o setor privado, questão bastante destacada durante a apresentação do EVTEA.

“Queremos atrair a iniciativa privada. Queremos que as empresas estudem o EVTEA, conheçam e, com isso, a gente possa abrir uma PMI e então fazer estudos mais detalhados desse trecho”, afirmou o secretário de Fomento do Ministério dos Transportes, Daniel Sigelmann. O estudo prevê uma taxa preliminar de retorno de 22,07% no período médio de 10 anos para a concessionária.

Estrutura

A Norte-Sul foi projetada com a largura entre os eixos maior, o equivalente a 1,60 metro. A nova ferrovia também tem condições de oferecer uma velocidade de transporte dos comboios ferroviários mais rápida que os corredores ferroviários convencionais – 60 km/h em vez de 27 km/h. Ela terá pouco mais de 4,8 mil quilômetros de extensão e ligará as cidades de Barcarena, no Pará, e Rio Grande, no Rio Grande do Sul.

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“Esse traçado é uma diretriz. O próximo passo é o desenvolvimento do projeto básico. Aí sim vai se definir traçado, custo efetivo, estudos de ramais e centros de distribuição de logística e outras coisas. A ferrovia por si só não resolve. Ela tem que ter a integração com os outros modais”, disse o presidente da Valec, Mário Rodrigues.

Municípios do Norte reivindicam que traçado passe por Londrina

O traçado da Ferrovia Norte-Sul que deve cruzar o Paraná é motivo de disputa, principalmente no Norte. Liderados pelo prefeito de Londrina, Alexandre Kireeff, municípios da região apresentaram uma proposta de traçado para os técnicos da Valec e para o ministro dos Transportes, Antonio Carlos Rodrigues.

Aproveitando um momento aberto para perguntas, Kireeff pediu permissão para mostrar opções para incluir as regiões metropolitanas de Londrina e Apucarana no traçado da Norte-Sul. “Há muita necessidade de a região ser incluída. Esta é a janela de oportunidade que se abre para incluir nossa região no traçado”, disse.

Após a saia justa, o diretor de Planejamento da Valec, Mário Mondolfo, pediu novamente o microfone para responder Kireeff e destacou que o traçado apresentado pelos técnicos federais ainda não estava definido, apesar de ser o mais barato. “Essa questão vai ser definida com um estudo ambiental aprofundado. Nenhuma das opções está descartada”, disse.