Em meio a uma Varig agonizante, com um número crescente de vôos cancelados, o juiz que cuida do processo de recuperação judicial da empresa deu novo prazo para decidir se homologa ou não a única oferta de compra feita no leilão de quinta-feira. Luiz Roberto Ayoub, da 8ª Vara Empresarial de Justiça do Rio, aprovou a proposta de pouco mais de R$ 1 bilhão do consórcio NV Participações, ligado ao Grupo Trabalhadores Varig (TGV), mas deu prazo até 12h de quarta-feira, dia 13, para que o grupo apresente detalhes sobre cerca de US$ 500 milhões em debêntures que seriam usados como parte do pagamento.
Pouco antes do pronunciamento do juiz, a Varig divulgou um balanço em que reconhece que 48 vôos foram cancelados desde sábado, 16 dos quais apenas nesta segunda-feira, sendo quatro com destino a Buenos Aires.
Os vôos cancelados nesta segunda-feira foram: Rio-Buenos Aires; Buenos Aires-Rio; São Paulo-Buenos Aires; Buenos Aires-São Paulo; Salvador-Rio e Rio-Salvador; Rio-São Paulo (Guarulhos) e São Paulo (Guarulhos)-Rio; Rio-Vitória e Vitória-Rio; São Paulo (Congonhas)-Belo Horizonte (Confins); e Belo Horizonte (Confins)-Rio-São Paulo (Congonhas); além de quatro vôos na ponte Rio-São Paulo e mais dois vôos partindo de São Paulo para Belo Horizonte.
A Varig garante que os cancelamentos foram provocados por manutenção de aeronaves e condições climáticas desfavoráveis. A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), por sua vez, informou que, somente no fim de semana, 559 passageiros tiveram seus vôos para Nova York, México, Miami e Santiago cancelados, sendo realocados para hotéis ou outras companhias aéreas.
Enquanto a Varig cancela vôos, estaria surgindo uma nova proposta para a venda da empresa. A companhia aérea portuguesa TAP, por meio do consórcio AeroLB (formado pela estatal portuguesa e por investidores brasileiros e de Macau), estaria estudando a criação de uma nova proposta pela Varig em parceria com a companhia aérea Air Canada e com o fundo americano Brooksfield (representado pelo escritório de advocacia Ulhôa Canto, Rezende e Guerra). A informação foi dada nesta segunda-feira por uma fonte que acompanha o processo de recuperação da Varig.
Segundo esta fonte, o presidente da TAP, Fernando Pinto (que já presidiu a Varig), esteve na manhã desta segunda-feira no Tribunal de Justiça do Rio conversando com o diretor da consultoria Alvarez e Marsal, Marcelo Gomes, a respeito da proposta. Os valores da oferta não foram divulgados pela fonte. No fim do ano passado, a Varig Engenharia e Manutenção (VEM), ex-subsidiária da transportadora aérea brasileira, foi vendida a um grupo liderado pela TAP.
O DIA D - À beira da falência e com a homologação do resultado de seu leilão de venda sendo postergada, a Varig está reduzindo suas operações aos poucos, mas nesta terça-feira a situação poderá se agravar, já que a Justiça americana ordenou que sete aviões utilizados pela companhia brasileira sejam devolvidos à Boeing, se não houver pagamento. E mais: também nesta terça vence um acordo com a BR Distribuidora para o fornecimento de combustível.
Arresto
A Boeing conseguiu na sexta-feira o direito de arrestar sete aeronaves da Varig - cinco MD-11 e dois aviões 777 - que estão em uso pela companhia. O presidente da Varig, Marcelo Bottini, reforçou no sábado que a Boeing só poderá exigir a devolução depois de terça-feira, quando ocorre uma audiência com a Justiça americana.
As sete aeronaves são usadas em vôos para os Estados Unidos e para a Europa. A Varig garantiu o embarque de todos os passageiros, inclusive os que vão para a Copa do Mundo, na Alemanha. A companhia informou que, em caso de arresto, alocaria outras aeronaves de sua frota (hoje com 54) para atender aos passageiros.
A decisão sobre o arresto foi da juíza Karla Moskowitz, da Corte Suprema do Estado de Nova York. A juíza argumentou que o atraso desde março das parcelas do leasing está reduzindo o valor dos aviões. O cronograma para devolução das aeronaves vai até 1º de julho,
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