Só os smartphones se salvaram da queda de vendas de produtos de maior valor – como geladeiras, lavadoras, televisores, carros e até imóveis – provocada pela crise. Entre janeiro e março, a receita do varejo obtida com smartphones cresceu 34% em relação ao 1.º trimestre de 2014, enquanto a média do setor de eletroeletrônicos em geral faturou 8% menos, aponta o levantamento da empresa de pesquisa GFK. No período, cerca de R$ 2 bilhões deixaram de entrar no caixa das lojas de eletroeletrônicos.
“A única coisa que está vendendo hoje é smartphone porque ele é o canivete suíço da era digital”, afirma o diretor da GFK para telecomunicações, Oliver Roemerscheidt. Com o bolso mais apertado, o consumidor está dando prioridade para a compra do produto porque ele agrega várias funções num único aparelho e funciona como um computador de bolso.
Além de o smartphone ser “objeto de desejo”, Marco Arruda, diretor de vendas da Motorola Mobility, atribui a alta de vendas a vários fatores. Um deles é que a telefonia no país está migrando para a nova tecnologia 4 G e muitas operadoras estão com ofertas atraentes para o produto. Também a base instalada de celulares no país é de aparelhos tradicionais que estão sendo substituídos. Segundo a GFK, de cada dez celulares vendidos, nove são smartphones.
Um dado que surpreende é que, apesar da crise, o smartphone mais procurado não é o mais barato. Na Motorola, por exemplo, o campeão de vendas é o Moto G, que custa na faixa de R$ 699, e não o Moto E, que sai por R$ 569.
Como quase a metade do custo de produção de um smartphone está atrelada ao dólar por causa dos componentes importados, a alta do câmbio teve impacto nos preços e isso poderia inibir as vendas. Mas não foi o que se viu por enquanto.
Outro resultado surpreendente é que a fatia nas vendas de smartphones das regiões que concentram a população de menor renda do país – Nordeste, Norte e Centro-Oeste – cresceram neste ano em relação a 2014, aponta a GFK.