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44% da população brasileira não tem hábito de leitura

Regina Prim  faz parte da minoria que lê  três livros por semana | Daniel Castellano/Gazeta do Povo
Regina Prim faz parte da minoria que lê três livros por semana (Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo)

A quarta edição da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, apresentada hoje pelo Instituto Pró-Livro (IPL), mostrou que pouco mais da metade dos brasileiros se diz ‘leitora’. Comparando com as pesquisas anteriores, há pouca variação no índice nos últimos oito anos. Em 2007, 55% dos brasileiros foram considerados leitores, em 2011, esse porcentual caiu para 50%. Os dados mais recentes, coletados entre novembro e dezembro do ano passado, mostram que 56% da população brasileira se considerava leitora. Para a publicação, é considerado “leitor” todo aquele que leu, inteiro ou em partes, pelo menos um livro nos últimos três meses.

A pesquisa ouviu, por meio do Ibope Inteligência, 5 mil entrevistados de mais de 5 anos de idade, alfabetizados e não alfabetizados, em todas as regiões brasileiras, proporcionalmente aos dados da última Pnad. A iniciativa é fruto da parceria com a Associação Brasileira de Editores de Livros Escolares (Abrelivros), com a Câmara Brasileira do Livro (CBL) e com o Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL).

De acordo com as entrevistas, o brasileiro lê, em média, 2,54 livros, inteiros ou em parte, no periodo-referência de três meses anteriores à pesquisa, entre literatura, contos, romances, poesia, gibis, Bíblia, livros religiosos e livros didáticos. Deste total de 2,54 livros, cada leitor lê 1,06 livro inteiro e 1,47 em partes. Ainda segundo o IPL, a diferença de leitura entre homens e mulheres também diminuiu em relação às edições anteriores. Em 2011, as mulheres liam 2,06 livros e os homens 1,63. Agora elas aumentaram o número de livros lidos para 2,63 e eles atingiram 2,44.

Os resultados não são muito animadores, mas mesmo assim surpreendem, segundo Madalena Kriwouruska, coordenadora da Biblioteca Livre do Shopping Omar, que distribui livros gratuitamente pedindo apenas outros títulos em troca de forma não-obrigatória. Ela conta que esse aumento no público leitor não é tão perceptível assim na prática. “Vemos muita gente lendo, mas lendo em celulares, tablets, redes sociais, não livros. Ainda mais nesse período que estamos tendo tantas notícias políticas, crise, distrações eletrônicas, não vejo muita gente dizendo que vai parar e comprar livros”, diz. Ela comenta que uma coisa é a pessoa ser obrigada a ler, outra é ter esse hábito por interesse, quer dedicar tempo, entende que é algo positivo. Dos livros que são disponibilizados gratuitamente no projeto para a retirada da população, muitos somem rapidinho da prateleira. “Espero que tenham sido lidos, mas a verdade é que muita gente passa, vê que é de graça, pega e vai vender em sebos”, diz.

Na opinião de Vera Lúcia Cabral, especialista em políticas públicas e curadora do Bett Brasil Educar 2016, a pesquisa reflete, o crescimento registrado nos índices de aprendizagem da Prova Brasil nos últimos anos. “Na medida em que melhora a qualidade da educação, nos anos iniciais da educação básica, os estudantes incorporam os hábitos de leitura”, analisou.

Já Priscila Angélica Santos Sehnem, que é arte-educadora e professora de formação de leitores do Centro de Artes Guido Viario, acredita o aumento no número de leitores é resultado do trabalho de escolas e de projetos voluntários de acesso ao livro, como o feito na Biblioteca Livre de Madalena ou do projeto que a própria Priscila coordena na Rodoviária de Curitiba, o Passagens Literárias, inativo no momento. Apesar do número ser positivo, Priscila lembra que, mais do que termos mais leitores, é preciso incentivar a formação de leitores críticos, que entendem o que leram. “Programas de acesso à leitura ampliam o número de leitores, mas mesmo assim ainda falta um avanço muito grande para que além da leitura, haja entendimento e apropriação criativa ”, afirma.

Perfil

Segundo a pesquisa, o percentual de pessoas não alfabetizadas ou que não frequentaram escola formal caiu de 9%, em 2011, para 8%, em 2015. Em 2011, o número de entrevistados que não estudavam era de 68% e, em 2015, passou para 73%, sendo o percentual de estudantes em 2015 27%. Quanto maior o nível de escolaridade , menores foram as proporções de motivação de leitura ligadas a “exigências escolares” ou “motivos religiosos” e maiores são as menções a “atualização cultural ou de conhecimento geral”.

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