Mais de 9 milhões de jovens chineses começaram, nesta terça-feira (7), as provas de admissão a universidades do país -o “gaokao”-, momento de extrema tensão para pais e estudantes devido à acirrada disputa pelas vagas.
A novidade, este ano, é que fraudar o “Enem chinês” passará a ser considerado uma ofensa criminal, punida com até sete anos de prisão.
A lei criminal do país foi alterada no ano passado e, desde 1º de novembro, passou a abarcar a cola nos exames, incluindo organização e facilitação de fraude e contratação de outra pessoa para fazer a prova em seu lugar, segundo a agência de notícias estatal Xinhua.
O aperto às fraudes no vestibular chinês veio após um jornal do sul do país publicar uma reportagem, em 2015, sobre uma rede que pagava a estudantes universitários para realizar as provas no lugar dos vestibulandos, de acordo com o jornal “China Daily”.
Caso o aluno fosse admitido nas melhores universidades do país, diz o jornal, o universitário poderia ganhar mais de R$ 530 mil.
A Xinhua informou que cerca de 9,4 milhões de estudantes estão matriculados para os dois ou três dias de prova, a depender do local, a partir desta terça, 20 mil pessoas a menos que em 2015.
Boas notas no “gaokao” podem garantir ao aluno uma vaga nas universidades mais prestigiadas do país, como a Tsinghua e a Universidade de Pequim.
Além do aperto na legislação na esfera nacional, autoridades locais se armaram para evitar fraudes.
A Xinhua listou algumas das medidas adotadas no país, como varredura de sapatos, bloqueio de wifi nos locais da prova e grupos de policiais procurando atitudes suspeitas.
Migrantes
Neste ano, um projeto piloto na província de Guangdong vai facilitar a vida dos estudantes que têm residência fixa em outros locais na China, mas migraram para Guangdong e estudam na província.
Esses alunos, cerca de 9.500, poderão fazer as provas onde moram e não precisarão voltar para sua cidade de origem para prestar o vestibular, segundo a Xinhua.
A China tem um rígido sistema que fixa a pessoa no local de origem da família, e dificulta o acesso a serviços como saúde e educação em outros locais do país. Cada pessoa tem um “hukou”, espécie de passaporte, que a vincula a sua cidade de origem.
Essa falta de mobilidade é particularmente cruel para filhos de trabalhadores que mudam para as grandes cidades.
Milhares de crianças e jovens ficam para trás com parentes; quem vai para as cidades enfrenta problemas como a impossibilidade de prestar o vestibular na nova cidade.
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