Tive a sorte de ouvir o economista Robert Gordon falar sobre o seu último livro, uma grande obra que descreve a ascensão e queda da economia americana (“The Rise and Fall of American Economic Growth”, lançado nos Estados Unidos em janeiro). Gordon tem uma história melancólica para contar. Ele argumenta que o crescimento econômico americano não é o que costumava ser e que isso não vai mudar nos próximos 25 anos. Isso se deve a uma série de eventos adversos, tais como a redução do crescimento demográfico, o aumento da desigualdade, restrições fiscais e – o mais importante – o fracasso das novas tecnologias em dar a partida no crescimento econômico da maneira que a segunda revolução industrial o fez.
É seu último ponto – aquele a respeito dos efeitos das tecnologias de informação sobre a produtividade – que gera debates ferozes. Economistas estão furiosamente discutindo se as visíveis inovações no setor de informação estão levando a avanços na produtividade que não estão sendo detectados pelas estatísticas atuais. Por um lado, os dados agregados sugerem uma séria desaceleração da produtividade ao longo da última década. Por outro, o economista-chefe do Google, Hal Varian, insiste que “há uma falta de avaliação do que está acontecendo no Vale do Silício porque não temos uma boa maneira de medir isso”.
Depois de adotar uma política de não interferência em relação ao uso de computadores em aula na minha primeira década como professor, agora praticamente os bani
Claro, há setores, tais como ensino superior, em que inovações tecnológicas podem resultar em ganhos de produtividade significativos, certo? Toda essa conversa sobre o que fará a diferença – tais como os cursos online em massa (MOOC) e a famosa “sala de aula invertida” (“flipped classrooms”), técnica de ensino em que a transmissão de conteúdo é feita online, em casa, e a sala de aula é utilizada para outras atividades.
Sendo um otimista, resisti ao argumento de Gordon por muito tempo – mas essa é uma área em que estou começando a suspeitar que ele esteja correto e o Vale do Silício, errado.
Dou aulas há 20 anos. Nesse período, a revolução da TI transformou fundamentalmente o que faço no dia a dia. É imensamente mais fácil acessar informações que complementem o conteúdo das minhas aulas. A possibilidade de usar métodos audiovisuais para transmitir um vídeo ou um áudio para meus alunos torna tudo mais fácil. Participei como palestrante convidado por meio do Skype em diversos eventos de colegas. Sites dos cursos que leciono tornaram muito fácil me comunicar com meus alunos, e eles comigo. É inegável que, em algumas dimensões, as mudanças tecnológicas tornaram meu trabalho muito mais fácil.
Falando a partir da minha experiência, palestrar à distância é um substituto radicalmente imperfeito para a interação no mesmo espaço físico. Um professor medíocre, mas de carne e osso, ainda fornece um ambiente educacional superior do que um palestrante remoto a que o aluno assiste em uma tela.
E, mesmo assim, ao longo da última década, também tenho caminhado em uma direção mais ludita. Depois de adotar uma política de não interferência em relação ao uso de computadores em aula na minha primeira década como professor, agora praticamente os bani. Sabia que tomar notas à mão é muito, mas muito melhor para o aprendizado do que tomar notas em um computador (esse último método permite que os alunos transcrevam sem pensar; o primeiro força o estudante a processar cognitivamente o que é digno de nota e o que não é), mas considerava que isso era uma escolha do aluno. O ponto de virada para mim foram pesquisas mostrando que telas abertas na sala de aula distraem os alunos perto delas. Então virei bem paternalista e decidi eliminá-las da minha sala de aula. O efeito foi imediato – meus alunos ficaram mais engajados com o material.
Minhas palestras são bem “low-tech” também. Uso vídeos em aula de vez em quando, mas usualmente os exibo no início e logo então começo minha exposição. Caso contrário, as luzes têm de ser reduzidas e isso é um convite para que os alunos percam o foco. Da mesma forma, não uso PowerPoint para minhas anotações – porque isso só convida os alunos a transcreverem os pontos do slide sem pensar a respeito deles.
Alguém poderia argumentar que participar como palestrante convidado por meio do Skype ou transmitir a aula de um professor superstar para outras universidades poderia melhorar a qualidade da experiência em sala de aula. Eu duvido disso. Falando a partir da minha experiência, palestrar à distância é um substituto radicalmente imperfeito para a interação no mesmo espaço físico. Um professor medíocre, mas de carne e osso, ainda fornece um ambiente educacional superior do que um palestrante remoto a que o aluno assiste em uma tela.
Houve uma inovação ao longo da última geração que tornou meu ensino em sala melhor. O quadro-branco é muito melhor do que quadro-negro. Fora isso, tenho me tornado mais desconfiado em relação às novas tecnologias em sala de aula.
Talvez eu esteja sendo apenas um ludita e os professores nascidos no fim do século passado, nativos digitais, vão descobrir como explorar tecnologias da informação na sala de aula de maneira apropriada. E, fora da sala da aula, sou um grande fã dessas novas tecnologias.
Mas, quando se trata de ensino superior, acredito que Gordon está correto e Varian, errado. Há ganhos a serem extraídos da inovação tecnológica – mas são muito mais limitados do que o Vale do Silício quer que você acredite.
* Daniel W. Drezner é professor de política internacional na Escola de Direito e Diplomacia Fletcher da Universidade de Tufts
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