Linha do tempo
O ensino de inglês nas salas de aula brasileiras passou por diversas reformulações e ganhou novas abordagens ao longo das décadas. Conheça esse processo:
1970 e 1980 As poucas escolas que ofereciam o cursos se baseavam no método do ensino de vocabulário e compreensão de texto, com o professor no centro do aprendizado. Ainda não havia a preocupação com a fluência verbal.
1990 O ensino de inglês se populariza. As escolas regulares passam a oferecer massivamente o idioma como disciplina.
Os cursos específicos se multiplicam. A partir daí a conversação passa a ter mais representatividade, dividindo espaço com a gramática.
Os cursos específicos têm duração de cinco anos, em média.
2000 Os métodos de curto período, com inglês sendo ensinado em um ou dois anos, tornam-se a bola da vez e passam a dividir espaço com o método tradicional. A conversação ganha mais destaque e a fluência passa a ser o foco com a gramática sendo inserida de forma mais lenta. A tendência para o futuro é que os cursos de curta duração se proliferem e que colégios e escolas regulares também encurtem o período de ensino do idioma.
Fonte: Flávio Augusto da Silva, presidente da rede Wise Up; Denílso de Lima, coordenador da rede de escolas InFlux;
Renata Seixas, mestre em linguística pela Universidade Federal do Paraná.
Se é quase uma unanimidade para professores e linguistas que conseguir se comunicar é mais importante do que dominar por completo a gramática, em nenhum outro campo a fala tem papel mais importante do que no mercado de trabalho. No ensino de idiomas, para quem quer subir de cargo ou permanecer com tranquilidade no atual posto, a fluência e a rapidez no aprendizado são o que contam pontos. A ideia é defendida por Eduardo de Castro, consultor de recursos humanos da empresa de headhunter e coaching Brainers. "Nenhuma companhia deseja ter de contratar um profissional para dar aulas de inglês ou espanhol. O que elas procuram são funcionários com a habilidade para falar, compreender e se fazer entender em uma língua estrangeira", diz. De olho nesse público, a cada ano cresce o número de escolas do segmento chamado "idiomas para adultos" ou "idioma para executivos". Com cursos rápidos, de um a dois anos, elas oferecem flexibilidade de horários das aulas, método focado no cotidiano dos negócios e o mais importante: a fluência em pouco tempo.
"Nossos cursos são voltados para quem não tem tempo sobrando para completar o custo de uma escola tradicional de inglês, que leva em torno de cinco anos", diz Tony Almeida, professor da Inglês Business School, escola de Curitiba voltada para o ensino de executivos. "Tudo é ensinado com base na conversação, nas situações que o profissional irá encontrar em suas viagens de negócios. A gramática é aplicada, e não ensinada isoladamente. Em um ano e alguns meses o aluno se comunica em inglês."
Flávio Augusto da Silva, presidente de uma rede de escolas de inglês para adultos com mais de 400 unidades em todos o país, a Wise Up, Flávio Augusto da Silva também acredita em um ensino diferente para esse público. "Quando começamos, há 15 anos, percebemos que as necessidades de quem precisa de inglês para o mercado de trabalho não é a mesma que as de um estudante adolescente. E nisso as escolas estavam errando", diz.
Nas unidades da rede, a fluência verbal é o ponto de partida. "A gramática é uma ferramenta para que ele aprimore sua fala e escrita", diz Silva. Nas salas, muita conversação. Para casa os alunos levam os exercícios de aprendizado da gramática. "É uma metodologia diferente e que tem dado bons resultados."
Para a gerente de banco Naima Amma Ferreira, buscar a fluência em inglês foi a solução para conseguir um bom cargo em sua empresa. "Comecei um curso específico para adultos para poder atender algumas contas bancárias internacionais. Precisava conversar com os clientes e entender o que eles desejavam", diz. Com um ano de aulas, a gerente já se sente apta e segura em suas negociações. "Devo terminar o curso em pouco tempo. Preferi um de curta duração, pois não pretendia gastar anos para o aprendizado de uma única língua."