A crise dos refugiados do Oriente Médio é um dos temas que pode aparecer no vestibular da Universidade Federal do Paraná (UFPR). A instituição tem tradição em aliar o conteúdo das disciplinas aos temas do noticiário. A questão migratória, em especial com a fuga populacional para a Europa, foi elencada por professores de História, Geografia e Língua Portuguesa.
Com 18 questões, a prova de Língua Portuguesa é a mais extensa do vestibular que ocorre no próximo domingo (8). Metade delas são de interpretação de texto e a tendência da UFPR é abordar temas “quentes”, com os quais o candidato tem proximidade, explica a professora de Redação Cleuza Cecato, do Colégio Bom Jesus.
A crise dos refugiados é o principal deles. No caso da prova de Português, o tema pode surgir como pano de fundo. A prova não tem como objetivo testar os conhecimentos do aluno sobre o fato em si, mas sua capacidade de interpretação de texto. Coesão, coerência e identificação do argumento central são algumas das habilidades cobradas. O objetivo é priorizar o candidato que é “bom leitor”.
Na prova de História, o tema pode surgir sob o ponto de vista do conflito na Síria como um rescaldo da Guerra Fria, aposta o professor Denilton Novais Azevedo, do Colégio Opet. “O que ocorre na Síria hoje é uma disputa por influência internacional. Os Estados Unidos [que apoiam rebeldes] estão perdendo e a Rússia [com apoio ao presidente Bashar Al Assad] ganhando espaço na região”.
A relação entre os conflitos no Oriente Médio com o surgimento da ONU, há 70 anos, que apoiou a criação do Estado de Israel; e o crescimento do Estado Islâmico também podem ser cobrados como conteúdo de História. O professor Denilton explica que o vestibular tem abandonado a visão “positivista”, baseado em fatos e datas pontuais, para priorizar uma contextualização histórica.
Informações do conflito em si, como as políticas da União Europeia para receber essa população, podem ser cobradas na prova de Geografia. A parte de geopolítica costuma ocupar o segundo lugar em número de questões, atrás apenas de cartografia.
O fato de que a Europa “já foi uma área de repulsão populacional”, quando os europeus migraram para a América, no início do século 20, e hoje ser “uma área de atração” de migrantes é uma das apostas do professor de geografia Jair Henrique de Castro, do Colégio Marista Paranaense. Castro também alerta para a situação brasileira. O país é hoje um dos que mais recebe refugiados sírios.