Nas últimas semanas, uma série de notícias envolvendo problemas em faculdades levantou dúvidas sobre o que garante a qualidade no ensino superior. Embora o bom senso seja o suficiente para manter distância de faculdades não reconhecidas oficialmente, até mesmo instituições tradicionais públicas ou privadas podem passar por crises que comprometem a formação acadêmica. Isso dificulta a vida de quem está em busca de um bom lugar para estudar. Para identificar a situação atual de cada universidade e curso, analistas recomendam atenção a sinais de solidez institucional e a busca por informações nos lugares certos.
Recentemente, tornaram-se públicos problemas em duas antigas instituições de ensino da capital. Na Universidade Federal do Paraná (UFPR), o curso de Jornalismo continua com o vestibular suspenso pelo Ministério da Educação (MEC), mesmo após a visita de avaliadores do governo federal, sob a alegação de que o curso "não atende aos critérios estabelecidos pelo ministério". Já as Faculdades Integradas Espírita demitiram todos os professores e ainda tentam transferir os alunos para outras instituições. No Rio de Janeiro, a Universidade Gama Filho e a UniverCidade foram descredenciadas pelo MEC devido à "precarização de oferta da educação superior".
Finanças
Para o consultor em Educação Marcos Meier, que já dirigiu instituições privadas de ensino superior, as faculdades particulares têm a qualidade comprometida quando se tornam dependentes demais das mensalidades, a ponto de diminuir o rigor nas avaliações para não perder alunos. "Essas instituições sabem que, se exigirem demais dos alunos, eles vão embora. Então, elas têm de escolher entre manter a qualidade do curso ou segurar um aluno que paga mensalidade."
O educador aponta a infraestrutura como bom sinal de solidez, já que a manutenção de uma faculdade de alto nível exige muito investimento em bibliotecas, laboratórios e equipamentos específicos para cada curso. Se a instituição consegue manter e atualizar tudo isso, quer dizer que está financeiramente saudável, o que a torna menos propensa a atrair e segurar alunos a qualquer custo.
Professores
Outro aspecto fundamental em uma investigação sobre qualidade acadêmica é o corpo docente. Doutores são os pesquisadores por excelência, portanto, em geral, é sempre mais vantajoso ao estudante ter aulas com um professor cuja titulação é de doutorado, ou, ao menos, mestrado. No entanto, para o professor Paulo Neiva de Lima, doutor em Ciências pelo Instituto de Tecnologia Aeroespacial (ITA), a produção acadêmica dos docentes é ainda mais importante do que a titulação por si só.
"Eu recomendo que acessem o currículo Lattes de alguns professores e procurem pela quantidade de orientandos e de publicações, assim como os grupos de pesquisa disponíveis daquela instituição", diz Lima.
Em busca de dados
Procurado pela reportagem, o Ministério da Educação sugeriu alguns passos essenciais para quem busca uma instituição de ensino superior confiável para cursar uma graduação. Parte das informações podem ser obtidas no sistema do e-MEC (http://emec.mec.gov.br). Acompanhe:
1. Verificar se o curso está formalmente autorizado pelo MEC.
2. Consultar o Conceito Preliminar de Curso (CPC). Em uma escala de 1 a 5, os níveis 3, 4, 5 indicam condições de qualidade.
3. Cobrar o coordenador sobre o processo de reconhecimento do curso junto ao MEC. O reconhecimento de um curso só é possível após a formatura da primeira turma.
4. Verificar qual foi o último ato regulatório do curso desejado. É nesse quesito que podem aparecer as suspensões de curso, por exemplo.
5. Para verificar a qualidade da instituição, o MEC recomenda a consulta ao Índice Geral de Cursos (IGC). Em uma escala de 1 a 5, os níveis 3, 4, 5 indicam condições de qualidade.