Prazer motiva mais que dinheiro

A Escola de Negócios da Universidade de Harvard, nos EUA, publicou em setembro em sua revista os resultados de uma pesquisa que estudou o que motiva as mentes inovadoras. Na conclusão, o prazer da descoberta ficou no topo do ranking, acima de opções como boa remuneração ou reconhecimento dos colegas.

Como método, os pesquisadores pediram a 238 profissionais de diferentes empresas que escrevessem um diário com tudo o que passasse em suas cabeças no desenvolvimento de seu trabalho. A investigação foi focada em pessoas ligadas a processos de inovação. Dos relatos surgiram 64 mil comentários usados como base pelos psicólogos responsáveis pelo estudo.

Segundo os autores, quanto mais as empresas geravam em seus funcionários a sensação de progresso individual, mesmo em pequenas coisas, mais fácil era ter equipes engajadas para inovar.

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A morte de Steve Jobs, no início do mês, causou intensa procura por sua biografia. O sucesso dos produtos inventados por ele é indiscutível, mas o fato de Jobs nunca ter se formado numa universidade surpreendeu quem não acompanhava as notícias sobre o gênio fundador da Apple. Sua história de vida – assim como as de Bill Gates, da Microsoft, e Mark Zuckerberg, do Facebook, ambos sem diploma – faz surgir uma questão na mente de milhares de estudantes com espírito empreendedor. É necessário passar pela faculdade para se tornar inovador?

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Jobs revelou por que abandonou o ensino superior em um memorável discurso feito em 2005 para uma turma de formandos da Universidade de Stanford. Além de não ter certeza do que queria para a própria vida, a mensalidade do Reed College, onde estudou durante seis meses, era cara demais para seus pais adotivos. Aos 18 anos, trocou a faculdade de Física por um curso de caligrafia em que aprendeu design na escrita, algo nada prático para aquele momento de sua vida. Dez anos depois, segundo o próprio Jobs, o conhecimento estético e o fato de ter largado a faculdade fizeram a diferença na criação da Apple, a empresa de tecnologia mais valiosa do mundo.

Para o professor Leandro Henrique de Souza, coordenador dos cursos de Engenharia da Computação e Sistemas de Informação da Universidade Positivo (UP), embora a genialidade desses grandes nomes seja indiscutível, é preciso dar atenção ao fato de que a atividade da maioria deles começou junto com o início da informática. Eles foram os desbravadores de uma área cujo conhecimento não estava disponível na forma de curso acadêmico. Além disso, nas últimas décadas, as exigências do mercado pela formação superior só cresceram. "Hoje, a universidade é bem mais importante do que antigamente. Acho que, com o tempo, exceções como o Jobs tendem a ser cada vez mais raras", diz.

Realismo

Souza também lembra que é preciso avaliar com realismo as chances de sucesso de muitas boas ideias. "A cada Apple que nasce, outras dez morrem no meio do caminho", lembra. No entanto, completa, os fracassos não devem ser vistos apenas como desestímulo. "No Vale do Silício [onde a Apple e a Microsoft nasceram], você começa uma empresa e, se não dá certo, acaba com ela e começa outra. Aqui é difícil levantar capital até pra começar um projeto", lamenta o professor.

Combinação certa

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Uma das características marcantes que tornaram famoso o empreendedorismo praticado no Vale do Silício é o fato de a região estar rodeada por universidades, com as quais as empresas mais inovadoras dos Estados Unidos mantêm estreita relação de colaboração. Comparados a eles, essa proximidade, embora crescente, ainda é tímida no Brasil. Enquanto cerca de 80% das pesquisas norte-americanas que geram inovações ocorrem em empresas, por aqui se limita a um terço o número daquelas que conseguem migrar do meio acadêmico para o mercado. É o que conta Filipe Cassapo, diretor-executivo do Centro Internacional de Inovação (C2i), vinculado à Federação das Indústrias do Paraná (Fiep).

Para reverter esse quadro, palestras, congressos e cursos de empreendedorismo, promovidos por diversas organizações do setor produtivo, têm ganhado destaque no meio universitário. Para Marco Secco, diretor do Senai-PR, é certo que o ensino superior atrai mentes brilhantes, mas inovar não se resume a ter uma boa ideia. "Apenas inventar não surte efeito algum, é preciso pensar no ciclo completo. Até que a boa ideia torne-se relevante para a sociedade", conclui Secco.

>>> Acompanhe a trajetória de sucesso de cinco inovadores que construíram impérios:

Steve Jobs

Fez apenas um semestre de Física no Reed College, em Portland. Mesmo sem diploma, Jobs conseguiu um emprego temporário na Hewlett-Packard (HP), em 1971, e, três anos depois, trabalhou como técnico de vídeo-games eletrônicos na Atari. A Apple foi criada em sua garagem, em 1976. Depois de ser demitido da empresa que fundou, criou em 1985 outra empresa de tecnologia, a NeXT, e comprou uma companhia de animação gráfica que viria a se tornar a Pixar. Em 1996, voltou à Apple e foi o principal responsável por produtos como o iPhone e o iPad.

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Michael Dell

Em 1984, Michael Dell saiu da faculdade de Medicina da Universidade do Texas para fundar uma companhia fabricante de computadores pessoais que vendesse diretamente ao consumidor, sem revenda. Atualmente, a Dell está entre os maiores fabricantes de notebooks, rivalizando com gigantes como a Hewlett-Packard (HP). Michael e sua esposa Susan também estão à frente de uma organização filantrópica dedicada a causas infantis, com atuação nos Estados Unidos e Índia.

Julian Assange

Criador do polêmico site WikiLeaks, Julian Assange cursou Matemática e Física na Universidade de Melbourne, Austrália, entre 2003 e 2006, mas não concluiu nenhum dos cursos. Depois de abandonar a vida acadêmica, dedicou-se a investigar e publicar, sem autorização, correspondências diplomáticas e outros documentos confidenciais de vários governos, especialmente o norte-americano. Todas as fontes foram ocultadas pelo site e ele recebeu US$ 1,2 milhão em doações públicas entre outubro de 2009 e 2010. No ano passado, foi eleito a personalidade do ano pelo jornal francês Le Monde e pela revista Time.

Bill GatesO líder da Microsoft, a maior empresa de softwares do mundo, ingressou na Universidade de Harvard em 1973 e largou os cursos de Matemática e Direito em 1975. No mesmo ano, Gates passou a trabalhar junto com Paul Allen no desenvolvimento de um sistema que interpretasse linguagens de computador. Com a criação do computador pessoal, em 1980, e o licenciamento de sistemas operacionais como o DOS e o Windows, Gates transformou a empresa em um império de programas eletrônicos nas décadas de 1990 e 2000.

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Mark ZuckerbergO criador da rede social de maior sucesso atualmente, o Facebook, entrou na Universidade de Harvard em 2002 para cursar Ciências da Computação e Psicologia. Depois de dois anos, e com o embrião do Facebook já em funcionamento, ele abandonou os estudos, se mudou para o Vale do Silício e passou a dedicar-se exclusivamente à sua criação. Zuckerberg tem 27 anos e acumula uma fortuna estimada em US$ 6,9 bilhões.

>>> E você: na sua opinião, qual é o papel da faculdade na vida de uma pessoa? Deixe seu comentário!