| Foto: Jonathan Campos / Gazeta do Povo

Comparação

Currículos de Portugal e Espanha são parecidos com o do Brasil

A discussão sobre a vinda de médicos estrangeiros para o Brasil veio à tona em maio, quando o governo federal sinalizou a intenção de facilitar a entrada de 6 mil médicos cubanos para trabalhar por, no máximo, três anos no interior brasileiro.

Diante de questionamentos sobre a qualidade da formação cubana em Medicina, foi dado mais ênfase na vinda de profissionais formados em Portugal e na Espanha.Enquanto no Brasil as graduações de Medicina têm currículos mais aprofundados e voltados às especialidades médicas, em Cuba, a formação é focada em ações básicas de saúde.

"O Revalida é importante por cobrar peculiaridades da nossa Medicina, doenças prevalentes no Brasil, nosso sistema de atendimento e políticas locais de saúde. O exame faz com o candidato tenha de estudar", diz o coordenador do curso de Medicina da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Edison Luiz Almeida Tizzot.

Europa

Na Europa, de uma forma geral, o currículo é mais semelhante ao brasileiro: seis anos de curso, sendo os primeiros de ensino básico e os últimos com atividades práticas. Na Espanha, as 25 faculdades de Medicina dividem o currículo em dois ciclos de três anos.

Inicialmente, os alunos têm aulas expositivas e em laboratórios e na etapa final é incluída a prática clínica. A Universidad Autónoma de Madrid, por exemplo, tem seis hospitais vinculados.

A coordenadora de Medicina da Universidade do Porto, em Portugal, Maria Amélia Ferreira, conta que por lá a Medicina é ensinada apenas em instituições públicas e que o currículo se assemelha ao brasileiro.

"O número de anos do curso é o mesmo e os objetivos e competências de formação são adequados a qualquer contexto, o que assegura a prática profissional adequada à atual globalização da prática da Medicina."

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A polêmica sobre a vinda de médicos estrangeiros para atuar em áreas carentes do Brasil ganhou força na última semana. O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, anunciou que o país trará profissionais de fora ainda neste ano. Nos últimos dois meses, o assunto tem sido intensamente discutido em faculdades de Medicina e entidades médicas, que rechaçam a proposta defendendo que todos os médicos formados no exterior passem pelo Revalida, prova de conhecimentos gerais de Medicina.

"O preocupante é que eles venham sem uma revalidação de diploma, sem prestar prova de proficiência da língua e de técnica. Não é por ser comunidade pobre que não merece atendimento digno à saúde", afirma o diretor do Hospital Evangélico de Curitiba, Jurandir Marcondes. O dilema é que o índice de aprovação no Revalida é baixo. De 884 médicos com diplomas estrangeiros inscritos em 2012, apenas 77 (8,7%) foram autorizados a atuar no país.

Para acalmar os ânimos, o ministro afirmou que o edital a ser lançado terá 10 mil vagas destinadas, primeiramente, a médicos com diploma brasileiro. As vagas não preenchidas serão ocupadas por graduados no exterior. Os médicos vindos de fora deverão ficar três semanas em uma instituição de ensino superior para checagem de suas habilidades e da proficiência em língua portuguesa. Os custos da vinda dos médicos serão pagos pelo governo.

Entidades médicas defendem a construção de uma carreira de Estado no Sistema Único de Saúde (SUS) para médicos e outros profissionais da saúde. "Com o atendimento dessas condições, caso os vazios assistenciais não sejam preenchidos, o governo poderá importar médicos, desde que os interessados sejam aprovados pelo Revalida e em testes de proficiência de língua", informa em nota o Conselho Federal de Medicina.

Pressão

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Debate antigo, o assunto voltou à pauta no início deste ano, depois que prefeitos de diversas regiões do país passaram a pressionar o governo reclamando da falta de médicos em seus municípios. Hoje, ao menos 700 cidades brasileiras estão sem médico. Além de focar em estrangeiros, o governo tenta reverter o quadro com outras ações, como a abertura de vagas em cursos de Medicina no interior do país e o Programa de Valorização do Profissional da Atenção Básica (Provab), que oferece bolsa de R$ 8 mil entre outros benefícios.

Mobilização Médicos de todo o país devem participar na próxima quarta-feira (03) do dia nacional de mobilização contra a importação de médicos formados fora do Brasil sem a revalidação do diploma. O evento foi anunciado no dia 26 de junho, em São Paulo, durante assembleia que reuniu cerca de 200 lideranças médicas de todo o país.

"O que falta não é médico, mas uma política de descentralização que faça com que ele vá atender no interior. Não há bom plano de cargos e vencimentos dos profissionais de saúde; não tem infraestrutura no interior." Jurandir Marcondes, diretor do Hospital Evangélico de Curitiba e ex-presidente da Associação Médica do Paraná.

Escolas Médicas O site www.escolasmedicas.com.br reúne notícias sobre a Medicina e links para instituições que formam médicos em diversos países do mundo. Há também a relação das faculdades no Brasil, com número de vagas e situação do reconhecimento do curso.