Os estudantes das universidades e institutos federais em greve não devem ter esperança de que a proposta salarial anunciada pelo governo na sexta-feira passada fará com que a paralisação dos docentes termine e as aulas sejam retomadas normalmente no próximo semestre.

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"Neste momento, é impossível delimitar um prazo para o fim do movimento porque a proposta não nos atende" afirma Luiz Henrique Schuch, vice-presidente do Andes, o sindicato dos professores de universidades federais.

A proposta apresentada pelo governo prevê, entre outros assuntos a redução dos níveis de carreira de 17 para 13 - como forma de incentivar o avanço rápido e a busca por títulos - e reajustes de 16% a 45%. "É tudo maquiagem que não nos enganou", afirma Schuch.

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Em um documento publicado na noite de anteontem, o Andes propõe radicalizar as ações da greve - que completa dois meses nesta semana e atinge 56 das 59 universidades federais. Além das universidades, a paralisação afeta 34 dos 38 institutos federais 2 Centros de Educação Tecnológica (Cefets) e o Colégio Federal Pedro II, no Rio de Janeiro.

Segundo Schuch, o principal problema é o não atendimento à reivindicação central da categoria: a reestruturação da carreira docente. "Além de não unificar a carreira, o acréscimo financeiro como resultado da titulação ficou fora do corpo do salário, virou gratificação. Não aceitamos isso."

Durante esta semana haverá assembleias gerais pelo País de forma a discutir o que será apresentado na próxima reunião com o Ministério do Planejamento, agendada para o dia 23. Mas não há otimismo. "Recebemos a proposta, estamos analisando, mas todos sabem que ela não avança. Em muitos pontos, até regride. Acredito que, se não houver avanço, a greve continua."

Ponto final

Segundo o Ministério da Educação, a proposta atende a demandas históricas e não há nenhuma possibilidade de mudança nos valores apresentados. "É uma proposta final quanto ao volume de recursos alocados", diz Amaro Lins, secretário de Educação Superior do MEC.

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Segundo ele, o governo está aberto para a discussão de questões pontuais, como a exigência de o docente cumprir no mínimo 12 horas/aula semanais, mas não questões salariais. "É momento de ter bom senso e pensar no atendimento à comunidade" diz. Schuch rebate: "Então por que demoraram tanto para começar a negociação?"